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Peças de Teatro Infantil

PLOC, A BORBOLETA MAIS LINDA QUE EU JÁ VI
Teatro Infantil de Roberto Villani
CENÁRIO: UM BOSQUE
PERSONAGENS:
BEZERRA – o caçador de borboletas
TOCA - o ajudante do caçador de borboletas
PLOC - a borboleta
CHICO MACACO – um macaco amigo da Ploc
MESTRA CORUJA – coruja fêmea, mestre de boas maneiras
CONDESSA LOUVA-DEUS – uma senhora louva-deus muito nobre
DOM LOUVA-DEUS – o amado de Ploc, filho da Condessa
PRINCESA LOUVA-DEUS – irmã do Dom Louva-Deus
DOUTOR COELHO – um coelho médico, velhíssimo, míope e surdo
OBSERVAÇÃO:
As músicas para a peça, relacionadas às letras do texto, deverão ser livremente compostas pelo grupo da
montagem. Não existem partituras, pois o autor acha que cada grupo deve criar a musicalidade da peça ao seu próprio
gosto.
PRIMEIRO ATO
Cena 1
Entram Bezerra e Toca. Bezerra tem nas mãos uma rede de caçar borboletas. Ambos se movimentam como se
procurassem algo.
BEZERRA – Deve estar por aqui. É a mais linda que eu já vi!
TOCA – O senhor sempre diz a mesma coisa. É a mais linda... É a mais linda...
BEZERRA – Não perca tempo e procure. Sabe como são as borboletas... De repente, puff. Desaparecem.
Qualquer barulinho as assustam. E eu não quero que elas se assustem. Principalmente essa que estamos
procurando. (irritado) E não fale tanto! Você não sabe fazer outra coisa senão falar, falar, falar... E cale-se, já
disse! Você é incorrigível!
TOCA – Certo, Chefe!
BEZERRA – Para isso eu fiz de você meu ajudante. Para aprender a caçar borboletas. Amanhã você será um
excelente caçador de borboletas como eu. E poderá dizer com orgulho: “Sou um caçador de borboletas e devo
isso ao Bezerra.”, ao Bezerra, viu Toca. A mim, entendeu?
TOCA – Entendi, sim senhor.
BEZERRA – Meu avô foi caçador de borboletas. Meu pai foi caçador de borboletas. E eu sou caçador de
borboletas. É de família, meu caro. De família! Como se diz, hereditário. He-re-di-tá-rio. Entendeu? Você precisa
ser um caçador de borboletas, certo?
TOCA – Sim senhor, Chefe!
BEZERRA – E a primeira lição é esta: se você pretende caçar alguma borboleta hoje, não fale. Faça como eu.
As borboletas são muito sensíveis e detestam falatórios. Agora fique por aqui. Eu vou para aquele lado. Se você
ver a borboleta, é só me chamar, entendeu?
TOCA – Entendi, sim senhor!
BEZERRA – Então fique atento!
TOCA – (medroso) Neste bosque não tem fantasma que assusta a gente?
BEZERRA – Ora, não seja medroso. Aqui só tem borboletas! Para mim só existem borboletas no mundo. Eu
sou uma borboleta, você é uma borboleta, nós somos borboletas...
TOCA – (rindo) O senhor até parece a minha professora...
BEZERRA – Deixe de rir que assusta as borboletas! E agora fique aí! Eu já vou. E lembre-se, se você ver uma
borboleta, é só gritar que eu venho, certo?
TOCA – Certo, Chefe!
Enquanto Bezerra se afasta, o Toca fica num canto, cheio de medo. De repente, sem que o Toca o veja, entra o
Chico Macaco imitando uma borboleta.
- 1 -
CHICO – (para a platéia) Vocês já viram a borboleta Ploc? Ainda não? Que pena! Bem, mas logo, logo ela
aparecerá por aqui. É a mais linda que eu já vi. Ela voa... Voa... Voa... Puxa, vocês não sabem a vontade que
eu tenho de voar... Eu confesso a vocês que venho treinando muito, assim (balança os braços como se fossem
asas)... (triste) Mas até agora, o que eu consegui foi levar dois tombos que quase me achataram o nariz... Oh!
Como sou infeliz! (anima-se) Mas a Mestra Coruja disse que eu vou conseguir. Ela sabe tudo. Por isso, eu vou
continuar tentando. Com licença. (corre na ponta dos pés, ‘voando’ – o Toca percebe a presença do Chico e
vendo-o voar confunde-o com uma borboleta...)
TOCA – (enquanto avança para agarrar o Chico, grita pelo Bezerra) Chefe! Chefe! Peguei uma! Peguei uma!
CHICO – (tentando desvencilhar-se) Ora, me deixe seu...
TOCA – Deixo não. Você é a primeira borboleta que eu caço.
CHICO – Espera aí! Você já viu outra borboleta?
TOCA – É... Você não tem cara de borboleta... Mas você é uma borboleta! Chefe! Venha logo. Peguei uma,
Chefe!
CHICO – Me largue, seu maluco!
Entra o Bezerra correndo e desajeitado com a rede de caçar borboletas em punho...
BEZERRA – Deixa pra mim! Você não tem técnica... Que é isso?!
TOCA – A borboleta, Chefe. Tão grande que eu tive de lutar com ela.
CHICO – O senhor quer dizer pra esse maluco que eu não sou borboleta.
BEZERRA – Isso não é borboleta, seu bobalhão.
TOCA – O senhor me disse que aqui só tem borboleta. Logo, eu peguei uma.
BEZERRA – Isso é macaco, Toca!
TOCA – (salta para o lado e começa a se coçar) Macaco?! Macaco me dá alergia, Chefe!
CHICO – Acho melhor o senhor arranjar um ajudante que não seja tão maluco.
BEZERRA – Desculpe, seu macaco. O Toca é estreante...
TOCA – Puxa, que coceira! O que eu faço pra não Ter tanta coceira, Chefe?
BEZERRA – É só pensar que o seu macaco é uma borboleta...
CHICO – Pensamento positivo, Toca.
TOCA – (andando em círculos) Ele é uma borboleta... É uma borboleta... Borboleta... (dá um salto sobre o
Chico, agarrando-o) Peguei, Chefe! Essa borboleta é sua.
BEZERRA – (irritadíssimo) Isso é macaco, Toca!
TOCA – (solta o Chico e afasta-se dele, coçando-se) Eu sabia que não dava certo, Chefe.
CHICO – O Toca leva muito a sério essa estória de pensamento positivo.
BEZERRA – Eu já disse, Toca, que você tem muito a aprender comigo. E pare de se coçar tanto!
TOCA – Não posso Chefe, é alergia.
CHICO – Eu tenho um remédio para essa coceira.
TOCA – Então diga logo, homem... Quero dizer, macaco!
CHICO – Vou levá-lo ao Doutor Coelho. Ele cura tudo.
BEZERRA – Então vamos logo. Quero ver se ele também cura a burrice do Toca.
Cena 2
Os três saem e logo a seguir, dançando e cantando, aparece a Ploc.
PLOC – (cantando) Eu sou Ploc, a borboleta
Vivo triste, ó sonhos meus...
Eu adoro um bom careta
Que se chama Louva-Deus.
Ele é nobre e muito lindo
E não liga para mim...
Meu amor já nasceu findo
E por isso eu sofro assim...
PLOC – (falando à platéia) Sabe, gente, eu sou um bocado triste. Eu queria namorar um Louva-Deus que vive na
árvore real. Do outro lado do bosque. Mas ele nem me vê quando passa por aqui. Na verdade, nem me olha. É
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tão triste. É que ele é muito nobre e muito lindo... E eu sou feia e pobre... (triste) Não posso fazer nada, a não
ser ficar olhando para ele... E desejar que ele seja muito feliz... Eu soube que ele vai se casar... (chora)
Entra a Mestra Coruja.
MESTRA – (cantando) Por que choras minha flor?
Por que sofres tanto assim?
PLOC – (cantando) É por causa de um amor
Que ao nascer já teve fim...
MESTRA – (cantando) Um amor é coisa nobre
E não deve ter final...
PLOC – (cantando) Mas porque eu sou tão pobre
Este amor só me faz mal...
MESTRA – (falando) Ora, menina Ploc, o que tem você ser pobre?
PLOC – (triste) Oh, Mestra Coruja! É que eu queria namorar o Dom Louva-Deus e ele é tão rico... Tão nobre...
MESTRA – A nobreza não é só dos ricos. Os pobres também são nobres.
PLOC – Mas ele nem liga para mim... É tão orgulhoso...
MESTRA – Você já falou com ele alguma vez?
PLOC – Nem me atreveria. Eu sei que vou falar errado e estragar tudo. (chora)
MESTRA – Ora, Ploc, que coisa feia que você acaba de dizer. Eu não faço isso porque vai sair errado. A gente
deve procurar aprender para que tudo saia certo. Quem estuda não faz nada errado.
PLOC – Mas eu nem sei como aprender... (volta a chorar)
MESTRA – (recitando) Pois eu vou te ensinar. E você vai aprender. Como bem deve falar. Como deve proceder.
PLOC – (alegre) Verdade, Mestra Coruja?
MESTRA – Verdade, Ploc! Você vai ser preparada tanto quanto o seu querido Dom Louva-Deus.
PLOC – (saltitando) Viva! Viva! (para a platéia) Vocês viram? Ela vai me ensinar boas maneiras. (abraça a Mestra
Coruja) Oh, Mestra Coruja! A senhora é um doce, um amor!
MESTRA – (meio tonta) Calma, menina. Calma. A minha idade não permite tantos abraços... Você me amassa
toda.
Cena 3
Aproxima-se então altivo cortejo. À frente, a Condessa Louva-Deus. Seguindo-a, sua filha e o Dom Louva-Deus.
PLOC – Aí vem ele, Mestra Coruja.
MESTRA – A Condessa é a mãe dele, não?
PLOC – É, Mestra Coruja. É a mãe dele...
Quando o cortejo passa diante da Ploc, ela coloca-se à frente da Condessa...
PLOC – (falando à Condessa) Dona, será que eu posso bater um papinho aí com o mancebo?
CONDESSA – (colocando o monóculo) Oh! Oh! Oh! Quem sois? Como vos atreveis a dirigir-me tão baixo
vocabulário?
PLOC – (para a Mestra) O que foi que ela disse?
MESTRA – Perguntou quem você é.
PLOC – (para a Condessa) Oh, sim... Eu sou Ploc, a borboleta. E a senhora não precisa dizer quem é porque eu
já sei. Te conheço bem, pois vejo a tua cara todos os dias. A senhora é manjada pra burro, dona!
CONDESSA – (indignada) Oh! Oh! Oh! Como são vulgares os descendentes dos lepidópteros!
PRINCESA – Faça de conta que não ouviu o que essa plebéia falou, mamã.
PLOC – A senhora não me venha com papo furado, não. O meu negócio é levar um papo com o teu gatão, falô?
CONDESSA – Oh! Oh! Oh! (tem um desmaio e é amparada pelo Dom Louva-Deus).
DOM – (sofisticado) Mamã! Ó, mamã! Que vexame, mon Dieu!
PRINCESA – Oh! Oh! Oh! Acho que eu vou desmaiar também. (e desmaia)
MESTRA – (pega a Ploc pelo braço) Venha cá! Assim você complica tudo.
PLOC – Eu falei errado, Mestra Coruja?
MESTRA – Claro que sim. Você até provocou desmaio nas duas...
PLOC – Ela falou que minha família era uma tal de lepi... lepi...
MESTRA – Lepidópteros.
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PLOC – Como é esse negócio?
MESTRA – Le-pi-dop-te-ros. É o nome que deram para a família das borboletas.
PLOC – E quem deu esse nome pra minha família?
MESTRA – Ora... Foi a ... Ciência...
PLOC – (irritada) Pois eu quero falar com essa Dona Ciência. Quero uma explicação. Lepi... Lepi... Esse
negócio não é nome. É um palavrão!
MESTRA – Ciência, Ploc, não é... Bem, você não pode falar com ela.
PLOC – Já sei, deve ser uma não-me-toques igualzinha a essa Condessa. Não é isso?
MESTRA – Não, menina. Ciência é... Esqueça, depois eu explico.
A Condessa e a Princesa vão se recobrando e sempre exclamando “Oh!”. Ploc se aproxima...
PLOC – Tão melhor do siricotico?
DOM – Estão sim, se quer saber. Mamã não falará mais com a senhorita. Quase estragou a nossa linda festa
desta noite. Se mamã não ficasse boa... (faz um gesto de revolta)
PLOC – (interessada) Puxa, me conta, que festa é essa?
DOM – (com desdém) A senhorita é muito plebéia para entender de festas nobres.
PRINCESA – Não perca tempo com essa borboletinha, meu irmão.
PLOC – (interessada e desconfiada – para a platéia) Plebéia?! (pensa um pouco... – volta-se ao Dom) Ah, vá, me
conta!
DOM – Está bem. Mas só no sentido de divulgação à plebe. Sei que logo a senhorita estará transmitindo minhas
notícias aos seus semelhantes.
PLOC – (esfregando as mãos, interessada) Deixa de papo furado e conta logo.
DOM – É uma festa anual.
PRINCESA – Temos o melhor baile de máscaras da região... Algo maravilhoso.
PLOC – Puxa! Será que dá pé pra mim?
DOM – Que quer dizer com ‘dá pé’?
PLOC – Perguntei se eu posso ir...
DOM – Ir à minha festa? Oh! Oh! Oh! Audácia da lepidóptera!
PLOC – (à platéia) Ele também faz ‘Oh!’. (fala à Condessa) Olha aqui, Dona! Estou com vontade de me mandar
pro teu baile, falô?
CONDESSA – Oh! Oh! Oh! (ameaça novo desmaio)
DOM – Imagine se nós, na nobre estirpe, nos envolvemos com a ralé.
PRINCESA – Mas que piada! Audácia!
DOM – Vamos, mamã. Este ambiente faz mal à nossa saúde. (e retiram-se os quatro sob olhares tristes da
Ploc)
MESTRA – (cantando) Ploc tenha cuidado
Com os sonhos que tens na mente.
Teus olhos só tem olhado
Prum lado bem diferente.
As coisas que ora digo
São coisas pra te ensinar.
Se não pensares comigo,
Jamais saberás olhar.
PLOC – Eu sei ver, Mestra Coruja. Não sou cega.
MESTRA – Às vezes olhamos sem saber o que vemos. Mas o que estou falando é sobre seus sonhos. Ninguém
poderá ver com os olhos da cara, Ploc.
PLOC – E com que olhos devemos ver os sonhos, Mestra?
MESTRA – Com os olhos da consciência.
Cena 4
Desastrado, entra o Chico Macaco, correndo.
CHICO – Ploc, esconda-se!
PLOC – Me esconder? Mas eu não fiz nada de errado...
CHICO – Não é isso. É que ele vem aí.
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PLOC – Já sei. Foi o Dom Louva-Deus que me mandou prender...
CHICO – Não é nada disso, Ploc. Fuja!
PLOC – Então foi a mãe dele, só pra não me deixar ir ao baile.
CHICO – Olhe. É um caçador de borboletas.
PLOC – (cruza os braços) Pois ele que venha.
CHICO – Escute, Ploc. O caçador não é tão perigoso, mas ele tem um ajudante que é o cara mais maluco que
eu já vi.
MESTRA – É melhor você ouvir o Chico Macaco.
CHICO – Esse maluco tem mania de pensamento positivo.
PLOC – Eu não acredito nesse negócio.
CHICO – Eu também não acreditava. Mas com esse cara o negócio dá certo.
PLOC – Ele te deu provas?
CHICO – Se deu!
PLOC – Quais, por exemplo.
CHICO – Ele já me caçou cento e cinco vezes.
PLOC – Está bem Vou me esconder, mas aqui perto. Quero ver como é esse tal cara maluco. (esconde-se num
lugar visível à platéia)
Entra o Toca, como a procura de borboletas.
TOCA – (avistando o Chico) Ah! Lá está ela! Chefe, peguei-a de novo!
CHICO – (desanimado) Por favor, eu não sou borboleta.
TOCA – (agarra o Chico) Não tente escapar desta vez, borboletinha linda.
CHICO – E o pior é que ele me acha ‘linda’...
MESTRA – (para a platéia) O Chico Macaco tem razão. Nunca vi sujeito mais maluco.
TOCA – (para a Mestra) Pelas barbas do sapo Júlio! Outra borboleta! (larga o Chico e agarra a Mestra Coruja)
MESTRA – O problema desse maluco é com o Doutor Coelho...
CHICO – Não adianta. Eu o levei à casa do Doutor Coelho. E esse maluco caçou o Doutor trinta e sete vezes...
Entra o Bezerra, afobado.
BEZERRA – Onde? Onde? Ora, seu burro, isso é uma coruja. (Toca solta a Mestra)
MESTRA – Sou a Mestra Coruja. Coruja fêmea, por favor!
TOCA – (coçando-se) Preciso fazer pensamento positivo. A alergia está voltando...
CHICO – Não! Espere! Temos que encontrar uma solução para sua alergia. Pensamento positivo, não, por favor.
TOCA – Então pense numa solução bem depressa. Se não, essa coceira me acaba com a pele...
Ploc, ainda escondida, estala o dedo no ar...
PLOC – (para a platéia) Já sei! (com voz cavernosa...) Ouçam todos com atenção. Eu sou o fantasma do
bosque. (O Toca e o Chico começam a tremer) Aquele que tiver coceira no corpo, vai lutar comigo!!!
CHICO – (assustadíssimo) Nossa! Eu nunca pensei que tivesse fantasma por aqui. Tchau mesmo! (e sai
correndo)
TOCA – (tremendo) O Chefe me garantiu que não tinha... Deus me livre! (e sai correndo)
BEZERRA – Com licença, Mestra. O Toca não conhece este lugar e ainda acaba se perdendo... (sai correndo)
MESTRA – Ploc, venha cá.
PLOC – (saindo do esconderijo, rindo muito) A senhora viu a correria deles?
MESTRA – Isso não se faz. Você os assustou.
PLOC – Pelo menos, o tal Toca não vai se lembrar da coceira por um bom tempo... (ri)
MESTRA – (encaminha-se para um lado do palco, onde deverá ter um banquinho) Vem pra cá, Ploc. Vamos
começar as aulas.
PLOC – Viva! Eu vou aprender! (para a platéia) É tão bom aprender boas maneiras... Vocês tem mamãe e papai.
E eu agora tenho a Mestra Coruja. Viva!
PLOC – (cantando e dançando) Viva, viva, eu sou Ploc,
A borboleta peralta.
Meu coração tá toc-toc
Por um cara classe alta.
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Mas agora devo aprender
A lição de gente bem
E tudo o quero fazer
É conquistar o meu bem.
MESTRA – (recitando) Senta aqui, Ploc querida. (indica o banquinho)
E preste bastante atenção. (Ploc senta-se desajeitada, com as pernas abertas)
As pernas em pose devida (Ploc ajeita as pernas)
Um charminho em cada mão (Ploc ajeita as mãos)
PLOC – (recitando) Tudo isso é complicado,
A senhora há de convir.
To c’um jeito tão gozado...
To c’um vontade de rir... (ri bastante, desmanchando a pose)
MESTRA – Ora, menina Ploc! Se você quer aprender direito, não pode achar tudo gozado.
PLOC – O que a senhora quer que eu faça? É gozado mesmo!...
MESTRA – Está bem, está bem. Com o tempo aprenderás.
PLOC – Mas eu tenho pouco tempo, Mestra Coruja. Eu quero ir ao baile desta noite.
MESTRA – (espantada) Ao baile da Condessa Louva-Deus?!
PLOC – Esse mesmo. E a senhora vai me preparar para isso, tá?
MESTRA – Ai meu Deus! Em que fui me meter...
PLOC – Não quero saber. Esta noite, no baile, eu agarro o Dom Louva-Deus ou... (triste) Nunca mais...
MESTRA – Vamos ver o que se pode fazer nesse caso. Um... dois... três... A aula já começou. (deixam o palco)
FIM DO PRIMEIRO ATO
SEGUNDO ATO
Cena 1
O Bezerra e o Toca aparecem sentados no chão e desanimados.
BEZERRA – Puxa! Nunca pensei que chegaria a tal ponto.
TOCA – (olhando ao redor) Acho que é o melhor, Chefe.
BEZERRA – Como, o melhor?
TOCA – Aqui pelo menos não tem fantasmas nem macacos.
BEZERRA – Aqui, onde?
TOCA – Aqui, neste ponto do bosque, ora!
BEZERRA – E quem falou sobre este ponto do bosque, Toca?
TOCA – O senhor mesmo. Disse que não pensava chegar a tal ponto...
BEZERRA – Toca, como você é burro! Eu disse a tal ponto referindo-me ao fracasso da nossa caçada.
TOCA – (sem graça) Também o senhor não explica direito...
BEZERRA – Já está anoitecendo e nada! E eu não queria voltar sem um espécime para a coleção...
TOCA – É por isso que eu não entendo o senhor. Já está mudando de coleção.
BEZERRA – E quem falou isso, Toca?
TOCA – O senhor mesmo. Já não se interessa mais por borboletas...
BEZERRA – Sou louco, doente, maluco, apaixonado por borboletas e você vem me dizer que eu não as quero
mais?!
TOCA – Claro, Chefe! O senhor disse que não quer voltar pra casa sem um tal de... (lembrando-se) espécime!
BEZERRA – Espécime, Toca, é uma amostra. E se eu estou caçando borboletas, espécime é uma amostra de
borboletas. Entendeu?
TOCA – (encabulado) Entendi, Chefe.
BEZERRA – Mas eu vou conseguir. Nem que pra isso eu vá ao extremo de minhas forças.
TOCA – E fica longe, Chefe?
BEZERRA – O que, Toca?
TOCA – O extremo de suas forças?
BEZERRA – (irritado) Não me amole com perguntas tolas, por favor!
TOCA – O senhor fala as coisas e depois diz que não disse.
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Cena 2
Entra o Doutor Coelho sem reconhecer os dois.
COELHO – Olá, amigos! Que espécie de bichos são vocês?
BEZERRA – (para o Toca) Ainda bem que ele não te reconheceu. (para o Doutor Coelho) Somos formigas,
doutor.
COELHO – Fale mais alto, meus ouvidos são muito sensíveis.
BEZERRA – (falando mais alto) Somos formigas!
COELHO – (examinando-os) Eu logo vi. São muito pequenos para serem outra coisa.
TOCA – Onde o vovô vai com tanta pressa?
COELHO – O que?
TOCA – (falando mais alto) Onde o senhor vai?
COELHO – Ah, sim! Vou ao massagista. Preciso amaciar os músculos.
BEZERRA – Amaciar os músculos? O senhor está precisando é de muita cola.
COELHO – Não, não vou jogar bola. Vou ao baile da Condessa Louva-Deus.
TOCA – Não vá dançar com um guarda-chuva!
COELHO – Coelho não come uva, meu filho. Vou lá pela presença. Todos os bichos nobres do bosque estarão
lá...
BEZERRA – (interessando-se) Que espécie de bichos, Doutor?
COELHO – Não, crianças, não sou cantor...
BEZERRA – falando mais alto) Não é isso! Perguntei que bichos irão.
COELHO – Quase todos do bosque. Mas a gente não vai reconhecer ninguém. Vão todos com máscaras.
BEZERRA – (quase gritando) As borboletas também vão?
COELHO - Quem sabe? Bem, se me dão licença, preciso ir. Tenho hora marcada...
BEZERRA – (no mesmo volume) Espere, Doutor! Onde vai ser o baile?
COELHO – Embaixo da árvore real. Aqui mesmo no bosque. É uma beleza de festa.
TOCA – (para o Bezerra) Vamos lá, chefe! Pelo menos teremos um pouco de alegria.
COELHO – (tremendo) Não me fale em alergia. Eu me lembro de um maluco que anda por aqui. (apressado) Até
logo, formiguinhas! (e sai)
BEZERRA – Por falar em alergia, sua coceira passou, não?
TOCA – Longe de macacos eu não tenho alergia.
BEZERRA – Tomara que seu macaco não vá à festa. Preciso muito da sua ajuda, meu caro!
TOCA – Ué, por que?
BEZERRA – Porque tenho quase certeza que a tal borboleta estará por lá.
TOCA – Claro, Chefe!
Bezerra e Toca, cantarolando, vão deixando o palco.
BEZERRA – Vamos, vamos para a festa
Procurar muita alegria.
TOCA - Só espero que o macaco
Não me traga alergia.
BEZERRA - Vamos, vamos preparados
Pra evitar qualquer falseta.
TOCA - Pois o nosso objetivo
É caçar a borboleta.
BEZERRA - Borboleta é coisa boa
E me aumenta a coleção.
TOCA - Só espero que o macaco
Não me faça papelão.
OS DOIS - Vamos, vamos para a festa
Procurar muita alegria.
Só espero que o macaco
Não me traga alergia. (deixam o palco)
Cena 3
- 7 -
Entram o Chico Macaco, a Mestra Coruja e a Ploc.
MESTRA – Tudo o que você tem a fazer é pensar positivamente, Ploc.
PLOC – Mas eu não acredito nesse negócio, Mestra.
CHICO – E depois, pelo que temos passado por aqui com tanto pensamento positivo...
MESTRA – Mas o pensamento positivo é necessário para sermos felizes. Nunca nos devemos julgar incapazes,
seja lá para o que for. Para isso existem os livros e os mestres. E por falar nisso, quantos livros você já leu,
Ploc?
PLOC – (conta nos dedos...) Hum... Nenhum, Mestra.
MESTRA – É por isso que você não sabe muitas coisas importantes. Você devia ler bastante. Ler coisas boas,
é claro. Veja essas crianças. (mostra a platéia) Todas elas lêem bastante. Os pais delas sabem disso e
compram bons livros para seus filhos...
CHICO – Se você topar, Ploc, eu compro uma porção de livros e nós dois vamos ler juntos. Que tal?
PLOC – Topo! Já que a Mestra Coruja acha que é bom...
MESTRA – É ótimo! Bem, agora vamos cuidar de sua pronúncia. (dá uma bala à Ploc) Ponha essa bala na boca,
Ploc. (Ploc põe a bala na boca) E agora repita comigo...
PLOC – (mastigando a bala) Espere, Mestra! (engole a bala) Pronto!
CHICO – A senhora não quer fazer isso comigo também?
MESTRA – Isso o que?
CHICO – Isso aí que a gente tem que comer balas...
MESTRA – Ora, Chico! A bala não é para comer...
PLOC – (surpresa) Não?!
MESTRA – (olhando feio para a Ploc) Você comeu a bala, Ploc?
PLOC – Eu pensei que era para adoçar a minha boca, Mestra.
MESTRA – (apanha outra bala) É prara fazermos o exercício de pronúncia, Ploc. (dá a outra bala para a Ploc)
Tome outra, mas não engula, certo?
PLOC – Certo! (coloca a bala na boca)
MESTRA – Agora, repita comigo: “Roma roeu o rato do rei da roupa”.
PLOC – (com dificuldade) Ro-ma ro-eu... Não dá, Mestra.
MESTRA – Dá sim senhora! Vamos, tente! Pensamento positivo: eu vou conseguir. Vamos, Ploc.
PLOC – Ro-ma ro-eu o ra-ra-ra-ra...
MESTRA – Vamos, Ploc. Já está escurecendo. Assim não vai dar pra você ir à festa.
CHICO – Deixa eu tentar, Mestra?
MESTRA – Você não vai à festa. Não precisa.
CHICO – Quem disse que eu não vou à festa? Estarei lá com máscara e tudo.
PLOC – Ro-ma ro-eu o ra-to do rei da rou-pa!
CHICO – (grita) Bravos!!! (com o grito, Ploc se assusta e engasga com a bala – encenação exagerada)
MESTRA – Chame o Doutor Coelho, Chico Macaco. Depressa!
CHICO – É grave, Mestra?
MESTRA – Faça o que eu mando e não faça perguntas. Vá!
Cena 4
O Chico Macaco sai correndo e a Mestra Coruja fica tentando socorrer a Ploc. Instantes depois, entram o Chico
Macaco e o Doutor Coelho. Pelos problemas de visão, o Doutor Coelho começa a examinar a Mestra Coruja.
COELHO – Abra a boca! A boca! É grave! É muito grave! Você está mal. Muito mal. Mostre a língua. A língua!
(para o Chico) Um alicate, traga um alicate! O problema é a língua. (gritando para o Chico) Traga um alicate!
CHICO – (gritando) Mas Doutor... O doente é ela! (aponta para a Ploc)
COELHO – (examinando a Ploc) É grave! Pelo jeito, é muito grave! (encosta a orelha nas costas da Ploc, que
continua engasgada) Diga trinta e três! (a Ploc não fala – contudo, o Doutor Coelho olha casualmente para a
Chico Macaco e... ) Diga trinta e três!
CHICO – (pensando que é com ele, sem entender...) trinta e três!
COELHO – Repita: trinta e três!
CHICO – Trinta e três!
COELHO – (admirado) Engraçado... A voz vem de longe. Deve ser um problema de deslocamento de laringe... ou
da traquéia. (coloca-se à frente da Ploc) Vá repetindo: trinta e três, trinta e três... (olha novamente para o
Chico...) Repita! Ande! Eu preciso localizar aonde foi parar a sua traquéia... ou laringe.
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CHICO – (repetindo sempre) Trinta e três... Trinta e três...
O Doutor Coelho vai localizando a voz até que chega em frente ao Chico Macaco...
COELHO – Aqui está! Ladrão de laringe... ou traquéia!
CHICO – Eu, ladrão? O senhor deve estar louco.
COELHO – Pouco? Você roubou foi muito. Que vergonha!
MESTRA – Olhe, Douroe, foi tudo confusão. Mal entendido. A Ploc está engasgada.
COELHO – Esganada? Quem é o criminoso?!
MESTRA – (falando alto) Engasgada, Doutor. En-gas-ga-da! Ela tem uma bala na garganta.
COELHO – Ah, se eu pego quem deu o tiro!... Eu... eu... eu... (treme todo)
CHICO – Isso é pior que pensamento positivo.
MESTRA – (aproxima-se da Ploc e dá um tapa nas costas e a bala voa longe) Pronto! Tudo certo!
PLOC – Puxa, que alívio!
COELHO – Sim, é convívio. Está todo mundo maluco neste bosque. Por isso, eu vou ao baile. Baile?! Eu disse
baile?! As minhas massagens. Eu tenho hora marcada e vocês me chamam só pra falar do baile? Ora, com
licença! (e põe-se de saída)
MESTRA – Um momento, Doutor! (o Doutor Coelho pára) Por que o senhor sempre dizia laringe ou traquéia?
COELHO – Porque no meu tempo de faculdade, a ciência ainda não tinha descoberto se a voz vinha da laringe
ou da traquéia... (sai)
MESTRA – Não há dúvidas que devemos Ter muita paciência com ele. Deve ser um bocado velho...
PLOC – E afinal, a voz vem da laringe ou da traquéia?
MESTRA – Da laringe, onde estão localizadas as cordas vocais. A traquéia é... Bem, a nossa aula não é de
biologia. Vamos ver se você está melhor. (cantarolando) Roma roeu o rato do rei da roupa.
PLOC – (cantarolando) Roma roeu o rato do rei da roupa.
CHICO – (imitando) Roma roeu o rato do rei da roupa.
E continuam cantarolando até que deixam o palco.
FIM DO SEGUNDO ATO
TERCEIRO ATO
Cena 1
Este ato deve começar com efetivo clima de festa. Sugere-se a formação de pares utilizando-se figurantes.
Todos deve estar mascarados. A Condessa Louva-Deus e seus filhos ainda não estão em cena. Música de
fundo. Falatório geral. Depois de um breve tempo, silêncio. Os pares se abrem, criando um corredor entre eles.
Música apropriada. Garbosos, por esse corredor, entra a Condessa seguida de seus filhos. De um lado, Ploc,
Mestra Coruja, Chico Macaco e o Doutor Coelho. Do outro lado, Bezerra e o Toca. Todos bem visíveis à platéia.
Todos mascarados mas facilmente reconhecíveis pela platéia.
CONDESSA – (dirigindo-se a todos) Meus amáveis e nobres convidados. Esta noite é de festa e espero que
todos estejam se divertindo.
DOM – A festa está ótima, mamã.
PRINCESA – Uma festa digna de reis.
CONDESSA – Bem... A novidade desta noite é o casamento do meu amado e idolatrado filho.
PLOC – (sussurrando para a Mestra Coruja) Eu não disse que ele ia se casar?!
CONDESSA – Dom Louva-Deus é o último descendente do sexo masculino da família dos mantídeos desta
árvore real.
PRINCESA – Chegou a hora da escolha de sua noiva.
PLOC – Viu que legal, Mestra? Ele ainda não tem noiva...
CHICO – (para a Mestra Coruja) O que é mantídeo?
MESTRA – É o nome que a ciência deu pra família dos Louva-Deus. Agora, façam silêncio.
DOM – Como todos sabem, não tenho muito contato com as jovens deste local. Logo, como todas estão sob
máscaras, aquela que se identificar de maneira indireta... será a minha noiva.
CONDESSA – Meu amado filho não soube expressar-se bem. A escolha será um jogo. Aliás, uma espécie de
jogo.
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PRINCESA – Meu irmão dançará com todas as senhoritas e de acordo com a característica e jeito de cada
uma, ele tentará reconhecê-la.
CONDESSA – Se isso acontecer, a jovem reconhecida pelo meu amado filho será a sua esposa.
DOM – É claro que será desclassificada aquela que me disser o nome.
PROINCESA – Isso não vale.
PLOC – Puxa! Tomara que ele me reconheça.
CHICO – Acho muito difícil, Ploc. Ele falou com você só uma vez...
MESTRA – Silêncio.
TOCA – Vai ser difícil encontrarmos a borboleta aqui, Chefe. Estão todos mascarados...
BEZERRA – Haverá um jeito de nós a reconhecermos. Calma.
Inicia-se então o baile. Os pares se reencontram, espalham-se pelo palco, enquanto a música toca. Todos
dançam.
BEZERRA – (para o Toca) Olhe por baixo das máscaras.
DOM – (que ouve e pensa que é com ele) Isso não vale.
BEZERRA – Não falei contigo. É com o meu amigo ali.
TOCA – (olhando, forçando, por baixo da máscara da sua companheira de dança) Tô tentando, Chefe. ( a dama
exclama ‘Oh!’ e o abandona. Ele logo pega outra)
O baile continua e o Dom Louva-Deus vai tentando identificar as damas e assim que troca de par diz ‘NÃO!’ da
mesma forma que o Toca diz ‘NÃO’ ao tentar identificar as suas. Depois de um tempo, irritado, Dom Louva-Deus
suspende a música com um gesto e...
DOM – (ao Toca) Caro senhor, quem está procurando uma noiva sou eu. Por que o senhor diz ‘NÃO’
imitando-me?
TOCA – Bem... É que o Chefe...
BEZERRA – (interrompe o Toca) Cale-se! Bem, senhor, é que... Bem, é que...
TOCA – Deixa que eu explico, Chefe! É que nós...
BEZERRA – (para o Toca) Fique quieto! (para Dom Louva-Deus) Nós estamos tentando ajudá-lo, senhor.
DOM – Isso não vale. O problema é meu. É do jogo, entendeu? Que o baile continue!
Retorna a música e com ela o baile. Vez ou outra o Bezerra tropeça na Ploc e pede desculpas.
Depois de algum tempo, Dom Louva-Deus e o Toca já dançaram com todas as damas, menos com a Ploc. E
ambos aproximam-se dela, cada um agarrando-a pelo braço.
DOM – Esta dama é minha! Eu deve identificá-la.
TOCA – A dama é minha! Também preciso identificá-la.
DOM – Como?! A noiva é para mim, senhor!
TOCA – Mas ela também me interessa!
DOM – Pode me dizer por que o senhor está tão interessado?
TOCA – É porque eu preciso descobrir a...
BEZERRA – (tapa a boca do Toca com as mãos) Ele também quer se casar.
DOM – Na minha festa?
CONDESSA – Caro senhor, sugiro que deixe a jovem em paz.
PRINCESA – Aqui não é lugar para escolher sua noiva.
CONDESSA – Jamais! Jamais!
BEZERRA – (para as duas) Madames, o meu amigo vai se comportar. Eu prometo.
TOCA – Mas, Chefe! Eu tô fazendo o que o senhor mandou...
DOM – Não estou entendendo mais nada...
PRINCESA – E muito menos eu.
DOM – Primeiro, o senhor diz que ele vai se casar... Depois, ele diz que o senhor mandou...
BEZERRA – (confuso) É que ele está na idade de se casar...
TOCA – Mas, Chefe! Não é nada disso. O senhor me mandou...
BEZERRA – (gritando com o Toca) Cale-se! (suave, para a Condessa) Senhora, o baile deve continuar...
TOCA – Pois eu não desisto. Só falta essa aí!
MESTRA – (aproximando-se) Se me dão licença, eu sugiro que ela mesma faça a escolha.
(solta as mãos dos dois que seguram os braços da Ploc)
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DOM – Excelente idéia!
TOCA – Certo! Que ela faça a escolha! (ajeita-se todo – faz pose) Ou ele... ou eu!
Ploc faz um gesto indicando o Dom Louva-Deus. Toca, aborrecido, afasta-se. E escolhe uma dama.
DOM – Grato, senhorita.
PRINCESA – Que o baile continue.
Novamente o baile recomeça. E o Bezerra, casualmente, esbarra outras vezes na Ploc, como faz com outros
casais. Entretanto, a Ploc vai se irritando ate que...
PLOC – (‘explode’) Vê se te manca, meu chapa! O de baixo é meu, poxa!
DOM – (surpreso) Ploc, a borboleta?!
CONDESSA e PRINCESA – Oh! Oh! Oh! (e desmaiam)
A confusão é total. O Doutor Coelho socorre a Condessa enquanto o Chico Macaco socorre a Princesa. Bezerra
e Toca avançam sobre a Ploc e a agarram, tirando-lhe a máscara.
BEZERRA – Ela é minha, finalmente!
A Mestra Coruja tenta socorrer a Ploc mas o Toca ataca de pensamento positivo.
TOCA – Eles são borboletas... São borboletas... (A Mestra Coruja se afasta)
DOM – (aproxima-se de Bezerra, irritado e ameaçador) O senhor não pode fazer isso com ela!
TOCA – Deixe que eu seguro ele, Chefe!
BEZERRA – Segure-o bem. Vamos levá-lo também. Vou começar uma nova coleção.
PLOC – (de repente...) Agora! (dá um pontapé na canela do Bezerra e foge)
TOCA – (larga o Dom Louva-Deus e salta sobre a Ploc, agarrando-a) Você não vai fugir, borboleta. Desta vez,
não!
Dom Louva-Deus ajeita-se todo. A Condessa e a filha acordam do desmaio e vêm ao seu encontro. O Chico
Macaco aproxima-se do Toca e...
CHICO – Olha aqui, moço! Eu sou um macaco, viu? E macaco dá alergia!
TOCA – (larga a Ploc e põe a se coçar) Por favor, Chefe. Faça alguma coisa.
O Bezerra agarra o Dom Louva-Deus pelo pescoço e o arrasta para a frente do palco.
BEZERRA – Não me importa mais a borboleta. Quero este louva-deus. É para a minha nova coleção.
TOCA – O que eu faço, Chefe? Tudo me coça...
BEZERRA – Vá se coçando enquanto eu saio daqui com este espécime.
Ploc, aproveitando a distração dos demais, procura esconder-se mas num ponto visível da platéia.
CONDESSA – O senhor não pode fazer isso com meu amado filho...
PRINCESA – Ele é o último dos descendentes...
BEZERRA – Calem-se! Eu vou levá-lo.
CONDESSA – Por favor. Oh! Oh! Oh!
COELHO – (amparando a Condessa) Olhe o coração, dona! É grave. Muito grave!
DOM – Será que não tem nenhum ser humano para me ajudar?
MESTRA – A sua festa é só de bichos. Os únicos humanos são esses dois aí...
DOM – Oh, mon Dieu!
PLOC – (do esconderijo, com voz cavernosa) Aquele que prender o mais belo dos mantídeos vai se haver
comigo... (o Chico Macaco, o Bezerra e o Toca ficam apavorados)
TOCA – É o fantasma de novo, Chefe! (e sai correndo)
BEZERRA – Eu não tenho medo de fantasmas... Mas o Toca pode se perder... (solta o Dom Louva-Deus e sai
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correndo) Ele não conhece este lugar!
COELHO – Lugar? Lugar me lembra massagens. Não sei por que, mas me lembra. E eu tenho hora marcada.
Se eu não fizer as massagens, não poderei ir ao baile. (ameaça sair)
CHICO – Eu também vou me mandar. (e sai)
COELHO – Viram? Ele vai dançar. E eu ainda não fiz as minhas massagens...
MESTRA – Mas o senhor já está no baile, Doutor Coelho.
COELHO – Já?! Então, eu já devo ter feito as minhas massagens...
Ploc aparece rindo e todos procuram reanimar-se da confusão.
PLOC – (repetindo as palavras do ‘fantasma’) Aquele que prender o mais belo dos mantídeos... (e abraça-se ao
Dom Louva-Deus).
CONDESSA – Que audácia é essa, borboletinha?
DOM – Não, mamã. Ela é minha noiva. Eu a reconheci conforme as regras do jogo. Além disso, a Ploc
salvou-me a vida. Eu a amo, mamã.
CONDESSA – (examinando Ploc da cabeça aos pés) Até que a senhorita não é de se jogar fora... Com um
pouco de trato... E me parece bem inteligente. Acho que será a esposa ideal para o meu amado filho.
PRINCESA – Eu possa ajudá-la nas boas maneiras...
PLOC – Oh! Oh! Oh! (e desmaia nos braços do Dom Louva-Deus)
DOM – (falando com vulgaridade) Velha, eu tô na minha, falô? A gata aqui é um barato.
CONDESSA – (faz um ar de reprovação... sorri e...) Olha aqui, fedelho! Se tu tá na tua eu também tô na minha,
falô? (e agarra o Doutor Coelho)
COELHO – A senhora é viuva, dona?
CONDESSA – É claro, coroa!
COELHO – E eu só pensando em massagens...
A Ploc se recompõe e todos retornam à dança e cantam alegremente:
Ploc é a borboleta
Mais linda que eu já vi.
Ela gosta das crianças
Que se encontram por aqui.
Ploc é inteligente,
Estudiosa e gentil.
Ela adora toda gente
Na magia da canção.
Ploc agora é só amor,
Seu amor, nosso amor.
E borboleta não foi feita
Para as mãos de caçador.
F I M
PS: Qualquer intenção de montagem deve ser comunicada ao autor para a devida autorização.
Gostaria que você me enviasse uma mensagem através do e-mail ‘ rvillani@hotmail.com ‘.
Não deixe de visitar o nosso site ‘ www.teatroeducativo.org ‘.
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