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Dia das Crianças No CEBEC

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O "Qualidade" Na TV

Peças de Teatro Infantil

NO BOSQUE DOS SABIÁS
Teatro Infantil de Roberto Villani
CENÁRIO: UM BOSQUE MUITO BONITO
PERSONAGENS:
LUCINHA – uma menina muito esperta de aproximadamente 10 anos de idade
MIMOSA – uma gatinha muito mimosa
XERETA – um cãozinho muito xereta
FANTASMA – um fantasma muito medroso
OS SABIÁS:
MARIA SABIÁ - a sabiá lider
ZÉ SABIÁ – companheiro de Maria Sabiá
MANÉ SABIÁ – um sabiá muito esquecido, o amor da Julieta
OS PARDAIS:
VISCONDE – o lider dos pardais, autoritário
DONA PARDALOCA – esposa do Visconde, autoritária
DOM PARDALOUCO – um pardal nobre
PARDALANA – Irmã do Visconde
PARDALOTE – filha do Visconde e de Dona Pardaloca
PARDALINA – integrante da segurança do Visconde
JULIETA – uma pardaloca apaixonada pelo Mané Sabiá
OS CONSELHEIROS:
CORUJA – a coruja conselheira, lider
RAPOSA – a raposa conselheira
ARARA – a arara conselheira
MICO – macaco conselheiro
MACO – macaco conselheiro
MOCO – macaco conselheiro
OS PIRATAS:
PIRATÃO – o pirata chefe
PIRATINHA – ajudante do Piratão
PIRATOLO – ajudante do Piratão
CAPITÃO – um velho marujo
PRIMEIRO ATO
- 1 -
CENA 1
Lucinha, Mimosa e Xereta entram em cena, mostrando-se bastante cansados. Dialogando, colocam- -se mais
ou menos no meio do palco.
LUCINHA – Ainda falta um bocado para chegarmos em casa...
MIMOSA- (deita-se no chão, preguiçosamente): Ai que cansada estou...Isso me dá um sono...
XERETA- Eu também estou cansado pra cachorro.(espreguiça-se).
LUCINHA- Quando chegarmos em casa, vocês poderão dormir à vontade. Mas agora, não. Vamos, Mimosa,
levante-se! (enquanto a Mimosa, com muita preguiça, vai se erguendo, o Xereta, também preguiçosamente, vai
se deitando). Agora é você, Xereta!? Temos que ir embora. A mamãe já deve estar preocupada...Vamos,
Xereta, seja bonzinho.
XERETA- Quem manda a gente sair tarde da casa vovó (boceja)...
MIMOSA- ( espreguiçando-se): E você sabia que a gente tinha que atravessar este bosque para voltar pra
casa ...(boceja).
LUCINHA- (irritada): Será que vocês não percebem que já está anoitecendo? Vamos, Xereta, fique de pé,
rápido!
XERETA- (erguendo-se, lentamente): Está bem...( espreguiça-se): Que droga de vida! Principalmente de um
cão de guarda como eu...
MIMOSA- ( às costas de Lucinha, deita-se): Cão de guarda? Você não guarda ninguém.
XERETA- É o que você pensa. Eu tomo conta da Lucinha, nossa dona. Estou aqui pra isso, né Lucinha?
LUCINHA- Deveria ser, Xereta. Mas desse jeito, eu acho que a Mimosa tem razão. Daqui a pouco será noite
e será perigoso se ainda estivermos neste lugar.
XERETA- Não se preocupe. Estou aqui para defendê-la de qualquer perigo!
MIMOSA- Taí uma coisa que só acredito vendo.
XERETA- Pois você ainda vai ver.
LUCINHA- ( nota Mimosa deitada): Oh, não! Mimosa, vamos embora.
MIMOSA- ( para o Xereta): E se aparecer um leão, de repente. Com aqueles dentões duas vezes maiores que
os seus?
XERETA- Três vezes maiores. Você já viu os dentes de um leão? São enormes. Com uma boca daquelas, dá
pra comer o pão de açúcar inteirinho.
MIMOSA- Que mentira! O pão de açúcar não é pra se comer.
XERETA- E pra que serve então, sua bobona?
MIMOSA- É pra gente andar em cima dele.
LUCINHA- O pão de açúcar não é feito de açúcar, Xereta.
XERETA- Não? Então por que ele é pão de açúcar?
LUCINHA- O pão de açúcar é um morro, muito alto. De lá de cima as pessoas podem ver a cidade...Fica no
Rio de Janeiro.
MIMOSA- (rindo): O Xereta é burro!
XERETA- Burro é a vovózinha. Eu sou cachorro, dos bons!
MIMOSA- Errou de novo. A minha vovózinha é uma gatona e tanto!
LUCINHA- Sabe que essa conversinha mole de vocês está me dando sono?
MIMOSA- Então, vamos dormir um pouquinho.
LUCINHA- Acho melhor a gente ir embora...(boceja).
XERETA- Só um pouquinho, Lucinha. Uma dormidinha só, vai.
LUCINHA- (espreguiçando-se): Está bem, vamos dormir só um pouquinho.(deita-se).Quem acordar primeiro,
chama os outros, certo?
MIMOSA e XERETA- Certo.
LUCINHA- ( adormecendo): Dormir...só...um...pouqinho...
E os três adormecem.
- 2 -
CENA 2
Com uma simples coreografia, entram os demais personagens. Eles cantam( música cuja letra está no
“apêndice”, ao final do texto). Depois, todos deixam o palco, com exceção dos sabiás.
Na ponta dos pés, os sabiás aproximam-se dos três que estão dormindo.
MARIA SABIÁ – Ué, esta menina não é deste bosque. Eu nunca a vi por aqui...Acho que vou acordá-la.
(para os outros sabiás): O que vocês acham? (os outros sabiás apontam para a platéia). Ah, sim, vocês acham
que eu devo perguntar para as crianças? Muito bem. ( fala à platéia): Vocês acham que eu devo acordar esta
menina? (repetir a pergunta, forçando a platéia a responder sempre mais alto, usando os recursos de “está
fraco, “eu não ouvi direito”, etc.). Ei, menina, acorde! (Lucinha não de move e Maria Sabiá dá um
empurrãozinho nela): Vamos, menina! Acorde!
LUCINHA- (move-se, mas não desperta totalmente): Não chateia, Xereta!
MARIA SABIÁ – Xereta? Ora que menina malcriada! Pois agora é que eu vou acordá-la, de qualquer
maneira! (sacode Lucinha, com força): Vamos, acorde!
LUCINHA- (acorda e assusta-se com os sabiás, pondo-se de pé rapidamente): Quem... Quem são vocês?
MARIA SABIÁ – Eu é que quero saber quem são vocês e por que me chamou de Xereta?
LUCINHA – Eu?...Bem...Eu sou a Lucinha... E não chamei ninguém de Xereta.
MARIA SABIÁ- Chamou, sim. De Xereta, eu ouvi bem.
LUCINHA- (meio irritada): Pois eu lhe digo que não chamei ninguém de Xereta!
MARIA SABIÁ- (para os outros sabiás): Ela não me chamou de Xereta? (os outros sabiás apontam para a
platéia): Ah, sim. Devo perguntar para eles. (para a platéia): Ela me chamou ou não de Xereta? ( repetir outra
vez a pergunta...). Viu, está provado. Você me chamou de Xereta! Você disse assim: Não me chateia, Xereta!
XERETA (acorda, nervoso): Eu não fiz nada!
LUCINHA- Não foi você.
XERETA- E nem foi a Mimosa, eu vi.
LUCINHA- Como você viu se estava dormindo?
XERETA- Eu consigo ver com os olhos fechados.
LUCINHA- Que gracinha. Agora, você é um supercachorro?
XERETA- Agora, não. Eu sempre fui!
MIMOSA- (acorda): Eu também sempre fui... Ué, eu sempre fui o quê?
MARIA SABIÁ- (para a platéia): Eu acho que eles são doidos...
LUCINHA – Olhe aqui, dona... dona...Como é mesmo o seu nome?
MARIA SABIÁ- Maria Sabiá. Muito prazer. ( estende a mão)
XERETA- (cumprimentando a Maria Sabiá): Eu me chamo Xereta, às suas ordens! O super cão de guarda!
MARIA SABIÁ- Xereta?
XERETA- De pai e mãe!
MARIA SABIÁ- ( ri ): Eu pensei que Xereta era eu... Eu pensei que essa menina tinha me xingado... ( ri ).
LUCINHA- Essa menina tem nome. Eu me chamo Lucinha.
MIMOSA- E eu me chamo Mimosa...
MARIA SABIÁ – Bem, agora que nos conhecemos, está tudo bem. Infelizmente, não podemos conversar com
vocês agora, porque temos uma reunião muito importante. Fiquem à vontade. Logo, logo estaremos por aqui.
E todos os sabiás deixam a cena.
CENA 3
LUCINHA- Puxa, que chato! Eu queria tanto conversar com eles...
XERETA- Pois eu não. Que gente mais esquisita!
MIMOSA- Maria Sabiá, que nome! Nunca vi pessoas com nomes assim...
LUCINHA- Não são pessoas como eu. São sabiás, pássaros. Sei – lá
MIMOSA- E agora, o que vamos fazer?
LUCINHA- Sei – lá . acho que voltar para casa não é uma boa. Já é noite.
XERETA- E vamos ficar por aqui?
- 3 -
LUCINHA- Até amanhecer. Quando o sol chegar, agente tem mais facilidades para encontrarmos o caminho
de volta.
MIMOSA- Nós poderíamos andar um pouco por aí...
XERETA- Pra quê?
MIMOSA- Para conhecermos melhor este lugar. Quem sabe tem algum castelo escondido por aqui.
LUCINHA- É possível...Seria tão bacana...Já pensaram, um castelo com rei e tudo?
XERETA- Não gostei da idéia.
MIMOSA- Você nunca gosta das minhas idéias, né Xereta.
LUCINHA- A idéia da Mimosa é boa, Xereta.
XERETA- Muito bem. E se nós encontrarmos um castelo de verdade?
LUCINHA- E daí?
XERETA- Castelo de verdade tem rei...
MIMOSA- Tem rainha...
LUCINHA- Tem condes...
MIMOSA- Tem viscondes...( o Xereta começa a tremer).
LUCINHA- Tem duques...
MIMOSA- Tem condessas...(observando o Xereta ): Por que você está tremendo, Xereta?
XERETA- Tem fantasmas...
LUCINHA- Fantasmas? Quem te disse isso?
XERETA- Todo castelo que se preste, tem fantasmas. E eu tenho um medo danado de fantasmas!
MIMOSA- Pois eu não tenho. Nunca vi um.
LUCINHA- Os fantasmas não fazem mal a ninguém. São mortos. A gente tem que Ter medo é dos vivos.
XERETA- Pois eu tenho e não vou negar.
MIMOSA- (para a platéia ): Esse é o super cão que me arranjaram pra guarda!
LUCINHA – Bem, o jeito é a gente andar um pouco. O tempo passa mais depressa. Vamos? (os dois
concordam, com aceno de cabeça).
E os três deixam a cena
Assim que os três deixam a cena, o Fantasma entra, na ponta dos pés, observando todos os lados. E fala à
platéia.
FANTASMA- Puxa, até que enfim eles se foram. É que eu tenho medo de gente...E também de bichos. É que
eu fui criado assim, que posso fazer. Antes, eu ainda conseguia assustar as pessoas. Mas agora, não sei por
que estão desse lado daí e eu estou deste lado daqui...É só por isso...Não é triste a minha situação? O meu
médico me disse que é falta de treino. Faz muito tempo que eu não assusto ninguém. Só sou assustado por todo
mundo, droga1 Aí, eu me pergunto: e por que você não tenho ajuda de ninguém...Droga! (pequena pausa):
Vocês querem me ajudar? ( espera respostas mais altas da platéia, para continuar a fala): Muito bem. Vamos
ficar bem quietos, até que apareça alguém. E quando aparecer, eu conto: um...dois... e três! Aí todo mundo
grita BBBUUUUUUU! Certo? Vamos treinar um pouquinho. Um... dois...três: BBBUUUUUU! De novo:
Um...dois...três: BBBUUUUU! Ei, acho que vem vindo gente!
Despreocupadamente, aparece a Mimosa. Então...
FANTASMA- ( com a platéia): Um...dois...três: BBBUUUUUU!
Mimosa põe-se aos berros, chorando, assustada.
FANTASMA- ( para a platéia): Nós conseguimos. Ela se assustou. (para a Mimosa): Vamos, gatinha. Para de
chorar, foi só um brincadeira...
MIMOSA- Você me assustou. Você é um fantasma...
FANTASMA- Mas foi só de brincadeira. É que eu estou treinando para ser um bom fantasma. É só isso!
MIMOSA- Você quer ser um bom fantasma?
FANTASMA- É o que mais desejo.
MIMOSA- Está bem, eu vou ajudar você também. O que eu preciso fazer.
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FANTASMA- Igualzinho o que nós fizemos para você. Gritar bbbuuuuu! Venha se esconder, que vem vindo
gente. ( ambos se escondem num canto do palco).
E aparece Lucinha.
LUCINHA- Mimosa, Xereta, onde vocês estão?
FANTASMA- (com Mimosa e platéia): Um...dois...três! BBBUUUUUU!
Lucinha também se assusta e põe-se chorar.
MIMOSA- ( aproximando-se Lucinha): Calma, Lucinha. Não é de verdade. É só uma brincadeira.
FANTASMA- É um treinamento, dona. Eu sou um fantasma, mas não precisa Ter medo de mim.
LUCINHA- Eu não tenho medo de fantasmas...
FANTASMA- Então, por que está chorando?
LUCINHA- Porque...porque...Ah, sei – lá porque!
MIMOSA- Ele está treinando para ser um bom fantasma, só isso. E eu estou ajudando...Você não quer ajudar
também?
LUCINHA- Quero, sim... o que devo fazer?
MIMOSA- É fácil. Venha com a gente que eu explico.
Os três, então, voltam a esconder-se num canto do palco, aguardando a próxima “vítima”.
De repente, dançando e cantarolando, aparece o Xereta...
FANTASMA- (com Mimosa, Lucinha e a platéia): Um...dois...três: BBBUUUUUU! ( o Xereta continua
dançando e cantarolando, sem dar importância aos demais): Ué, ela não se assustou...
MIMOSA- Acho que não ouviu. Vamos fazer de novo?
FANTASMA- Vamos. Um...dois...três: BBBUUUUUU! ( e nada do Xereta importar-se com o que está
acontecendo): É, acho que ele ainda não ouviu o bbbuuuuuu.
LUCINHA- Vamos fazer bem forte. Assim, ele vai ouvir.
FANTASMA- Então, vamos. Bem forte. Um...dois...três: BBBUUUUUU!
XERETA- (indiferente): Não adianta nada vocês ficarem fazendo esse bbbuuuuuu! Eu nem ligo pra isso.
LUCINHA- ( em companhia de Mimosa e do Fantasma, aproxima-se do Xereta): Você não se assustou?
XERETA- Nem um pouco.
MIMOSA- Você não tem medo de nada?
XERETA- De nadinha.
FANTASMA- Nem de fantasma?
XERETA- Nem de fantasma. Eu sou o supercão de guarda. Não tenho medo de nada!
LUCINHA- Mas você me disse que tinha medo de fantasmas...
XERETA- Eu só estava brincando...
FANTASMA- Supercão não toma banho?
XERETA- Claro que tomo. Eu tomo banho todos os dias. Quem quer ser forte e bonito, toma banho todos os
dias.
FANTASMA- Mas você não tomou banho hoje.
XERETA- É claro que tomei. Antes de sair de casa, se quer saber.
FANTASMA- Mas tem alguma sujeira nas suas costas...
XERETA- Sujeira? ( tenta olhar suas costas).
LUCINHA- É mesmo. Tem alguma coisa nas suas costas...
MIMOSA- Não é nada. É só uma barata...
LUCINHA- É mesmo. É uma barata.
XERETA- (assustadíssimo): Barata? Uma barata? ( e sai correndo, desesperado).
LUCINHA- Acho melhor irmos ajudá-lo. Ele pode se perder, com essa correria toda.
FANTASMA- Vamos lá.
O Fantasma, a Lucinha e a Mimosa, então, deixam a cena, atrás do Xereta.
- 5 -
CENA 4
Novamente, com simples coreografia, os personagens voltam à cena, cantando e dançando. A letra da música
encontra-se no “apêndice” deste texto.
Depois, à saída de todos, entram o Capitão Piratão, Piratinha e Piratolo.
O Capitão Piratão carrega, nos ombros, com muito esfor;co, um baú, colocando-o no centro do palco.
PIRATÃO- ( à platéia): Com seiscentos mil crocodilos, como pesa este baú! Também, está cheio de tesouro.
Pérolas, ouro, diamantes...Eu ataquei o barco do Almirante Gago Velho e roubei tudo. (ri). E agora, que é meu
esse baú cheio de jóias preciosas, vou enterrá-lo neste bosque deserto.(ri). Ninguém vai descobri-lo. ( ri ). Vou
chamar meus ajudantes, com licença. Piratinha! Piratolo! Aproximem-se!
Muito “moles”, sonolentos, cansados, aparecem Piratinha e Piratolo.
PIRATINHA- ( sentando-se no chão): O meu amado chefe, por acaso ( boceja), me chamou?
PIRATÃO- (irritado): Chamei! E fique de pé! ( o Piratinha levanta-se, enquanto o Piratolo, com muito sono,
deita-se no chão): Fique de pé!
PIRATINHA- Mas eu já estou de pé, amado chefe.
PIRATÃO- Eu não falei com você. Mandei o Piratolo ficar de pé! ( o Piratolo levanta-se, enquanto o Piratinha
volta a sentar-se): Fique de pé, já disse!
PIRATOLO – Desta vez, o amado chefe (boceja) se enganou. Eu estou de pé...
PIRATÃO – Droga! Prestem bem atenção! ( o Piratinha põe-se de pé ). Eu não falei com nenhum dos dois
em particular... ( o Piratinha e o Piratolo, murmurando “Ah, bom”, sentam-se no chão; o Piratão “explode”): Eu
falei com os dois! De pé! ( num salto, ambos põem-se de pé, em posição de “sentido”): Escutem. Nós estamos
num bosque deserto, certo?
PIRATINHA e PIRATOLO – Certo! (ainda de pé, sonolentos, encostados um no outro)
PIRATÃO- Aqui ninguém achará o meu tesouro, certo?
PIRATINHA e PIRATOLO- Certo!
PIRATÃO- (olha bem para os dois e percebe que estão quase dormindo. Olha para a platéia e balança a
cabeça desaprovando o sono dos dois e...): Somente o Almirante Gago Velho poderá encontrá-lo, certo?
PIRATINHA e PIRATOLO- Certo!
PIRATÃO ( irritado): Errado!
PIRATINHA e PIRATOLO- Errado!
PIRATÃO- Bolas!
PIRATINHA e PIRATOLO- Bolas!
PIRATÃO- ( desembainha a espada e com ela bata no traseiro dos dois, despertando-os; ambos põem-se a
saltitar, gemendo, com as mãos sobres o traseiro): Vocês dois vão enterrar o baú do meu tesouro, certo?
PIRATINHA e PIRATOLO- Certo!
PIRATINHA- Amado chefe, e as nossas férias?
PIRATOLO- O senhor disse que nos daria férias assim que roubássemos o tesouro...
PIRATÃO- Eu não dou férias a ninguém. E parem de saltitar! ( os dois param de saltitar). Comecem a cavar,
o corto o pescoço dos dois!
Piratinha e Piratolo dirigem-se para uma canto do cenário e começam a “cavar”. O Piratão afasta-se,
colocando-se no outro canto do cenário. De repente, aproximando-se do centro do palco, à frente, entram o
Mané Sabiá , o Zé Sabiá e, mais atrás, a Lucinha, a Mimosa e o Xereta. Depois , Maria Sabiá.
ZÉ SABIÁ- Você precisa tomar os remédios, Mané Sabiá.
MANÉ SABIÁ- Aquele remédio tem um gosto ruim à bessa, Zé Sabiá.
ZÉ SABIÁ- Remédio com gosto ruim faz bem à saúde. Depois, remédio deve ser tomado, tenha o gosto que
tiver.( notando Lucinha): Ué, quem é você?
MANÉ SABIÁ – ( distraído): Ora, você já me conhece. Sou o Mané Sabiá.
ZÉ SABIÁ- Não é você, Mané.
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MANÉ SABIÁ – Se não sou o Mané, então já não sei mais quem eu sou. Tô mal, Zé.
ZÉ SABIÁ- Mané, escute. Eu estou falando com esta menina, entende?
MANÉ SABIÁ – Não, não entende. Você estava falando para eu tomar o remédio. De repente, perguntou:
quem é você? E eu respondi: sou o Mané. E você disse: você não é o Mané...Como é que eu posso entender.
Minha mãe sempre me chamou de Mané. Meu pai até me registrou com o nome de Mané. Aí vem você e me
diz que não sou o Mané? Então, quem sou eu? E onde está o Mané que eu conheci num espelho na casa da
vovó?
MARIA SABIÁ – Deixa pra lá, Zé Sabiá. O Mané não tomou o remédio...E quando ele não toma remédio,
fica confuso. Mas deixa eu te apresentar esta menina. É a Lucinha, nossa amiga. ( para a Lucinha): Este (
aponta): é o Zé Sabiá e aquele é o Mané Sabiá. Agora, ele não sabe nada...Esquece de tudo. Por isso, precisa
tomar o remédio para a memória.
LUCINHA – Estou muito feliz de conhecer vocês. Mas estou triste, por causa do bosque...Ah, eles (indica a
platéia) não sabem da estória. Não é melhor a gente contar pra eles?
MARIA SABIÁ – Acho melhor. Quem sabem eles conhecendo o nosso problema, possam ajudar a gente...
ZÉ SABIÁ – Eu conto. (para a platéia): sabe, nos somos da família dos sabiás. Moramos neste bosque há
muitos anos. Na verdade, nascemos e nos criamos aqui. Antigamente, todos nos chamavam de selvagens. Mas
nós éramos muito felizes.
MARIA SABIÁ – M as um dia, apareceram os pardais...Dizendo que tinham descoberto este bosque...E
tomaram conta de tudo. Eles tinham mais poderes que a gente...
ZÉ SABIÁ – Eles mandam em tudo. Mandam até na gente. E nós estamos tristes. Porque perdemos o nosso
bosque...
LUCINHA – Exatamente neste momento, os sabiás estão procurando um plano para a independência. E eu, a
Mimosa e o Xereta vamos tentar ajudá-los...
MANÉ SABIÁ – E se a gente bolasse um plano de ataque?
ZÉ SABIÁ – Nada disso. Não somos de guerras.
MANÉ SABIÁ – Puxa, se eu soubesse...
MIMOSA – Vocês poderiam escrever uma carta pro presidente da república!
XERETA – Isso mesmo. Pro Ministro do Interior.
MARIA SABIÁ – Seria uma ótima idéia se nós já tivéssemos proclamado a independência...
De repente, numa explosão de entusiasmo, todos cantam e dançam ( letra da música no “apêndice” do texto).
Nessa dança, até Piratinha e Piratolo participam, sob os olhares severos do Piratão. Depois...
ZÉ SABIÁ – E se a gente falasse com o Conselho da Floresta?
LUCINHA- E tem Conselho por aqui?
MARIA SABIÁ – Na floresta tem.
ZÉ SABIÁ – E este bosque faz parte da floresta, logo...
LUCINHA – Ótima idéia. Vamos ao Conselho.
XERETA – Chiii, isso tá me cheirando a osso velho...
MIMOSA – Osso velho? Que é isso?
XERETA – Osso velho é osso velho. Sem gosto, mal cheiroso e que ninguém quer pegar...
E deixam a cena Zé Sabiá, Mané Sabiá, Maria Sabiá, Lucinha, Xereta e Mimosa.
CENA 5
Piratinha e Piratolo, que estavam à escuta da conversa dos que sairam, sem se importarem com o trabalho,
aproveitam para descansar. Mas o Piratão não deixa...
PIRATÃO – O que vocês pensam que são? Dois boas vidas?
PIRATINHA e PIRATOLO – Dois boas vidas.
PIRATÃO – Que não precisam mais do trabalho para sobreviverem, certo?
PIRATINHA e PIRATOLO – Certo.
PIRATÃO – Pois estão errados! Voltem ao trabalho ou eu os demito por justa causa. ( para a platéia): Se eu
- 7 -
os mandar embora por justa causa, eles não recebam nada. Ficam na miséira.
PIRATINHA- ( retornando ao trabalho): Já estamos na miséria, amado chefe.
PIRATOLO – ( também indo ao trabalho): E não recebemos salário há muito tempo.
PIRATÃO – Desde quando vocês não recebem salário, seus ingratos?
PIRATOLO – Desde que começamos a trabalhar para o amado chefe.
PIRATÃO – Vocês ainda vão receber bons salários. Esperem. E agora, trabalhem. Pouco depois que os dois
voltam a cavar, aparece a Julieta dos Pardais, que se aproxima furiosa.
JULIETA – Ei, vocês não podem cavar aí!
PIRATINHA – Não? E por que não?
JULIETA – Porque eu plantei umas sementes de alpiste. E como estou de férias, não quero Ter o trabalho de
replantá-las.
PIRATINHA e PIRATOLO – De férias?
JULIETA – Sim, estou de férias. E as férias foram feitas para a gente descansar e se divertir. Faz parte da
vida, sabe?
PIRATINHA – Nós sabemos. Mas o nosso amado chefe não sabe.
PIRATOLO - Nós nunca tivemos férias...
JULIETA – Não? Por que?
PIRATINHA – Nosso amado chefe não quer nos dar férias.
PIRATOLO – E quando o nosso amado chefe não quer nos dar férias, não dá mesmo.
PIRATINHA – E pior é que ele nunca que dar férias...
PIRATOLO – Nosso amado chefe é muito rigoroso nesse ponto. Trabalho é trabalho!
JULIETA – Puxa, como vocês são complicados.
PIRATINHA – É porque nós nunca descansamos...
PIRATOLO – Nem nos divertimos.
JULIETA – Pois eu vou falar com ele.
PIRATINHA – Não, não faça isso!
PIRATOLO – Ele é muito zangado.
JULIETA – Que me importa! E eu também estou zangada! Afinal, vocês estão cavando na minha plantação
de alpiste. ( para o Capitão Piratão): Ei, Capitão!
PIRATÃO – ( voltando-se, vê Julieta): Que é que você faz aqui? Suma-se! ( começa a aproximar –se dela).
JULIETA – Sumir daqui? Pois fique sabendo, seu pirata de uma figa, que eu moro neste bosque. E o senhor,
com seus piratas de meia tigela, estão estragando a minha plantação de alpiste.
PIRATÃO – (indignado):Nunca ninguém falou comigo desse jeito! Você sabe com quem está falando?
JULIETA – Por acaso estou falando com o rei da pipoca salgada? (ri).
PIRATÃO – Para seu governo, passarinha atrevida, sou o primo do terrível Capitão Gancho!
JULIETA – Grande coisa! Pensa que eu tenho medo? Já enfrentei bichos piores que o senhor!
PIRATÃO – Bicho? Mas eu não sou bicho, sou um pirata...
JULIETA – Para mim, é a mesma coisa. (Piratinha e Piratolo caem na gargalhada).
PIRATÃO – (para os dois):Não estou achando graça! (ambos param de rir):E tratem de cavar.
JULIETA – Eles não vão cavar coisa nenhuma. Vão estragar a minha plantação de alpiste.
PIRATÃO- E daí?
JULIETA – É que estou de férias. E não quero estragar o meu descanso, tendo que replantar as sementes.
PIRATÃO – Ora, esse negócio de férias é bobagem...
JULIETA – Não, não é bobagem. Se o senhor tirasse umas férias, teria bom humor. Viveria melhor.
PIRATÃO – ( para os dois): Piratinha e Piratolo, parem de cavar!
PIRATOLO – Finalmente, vamos descansar e nos divertir?
PIRATÃO – Não é nada disso. Vamos procurar outro lugar neste bosque para enterrar o meu tesouro. Tem
muita gente por aqui. Todo mundo vai saber onde escondi a minha fortuna... Diabos! (encaminha-se para o
centro do palco, coloca-o nos ombros e põe-se de saída).
JULIETA – E as férias?
PIRATÃO – (saindo): Vou pensar nisso depois que enterrar o meu tesouro. Vamos, Piratinha e Piratolo. E
tragam as pás.
- 8 -
CENA 6
Os três piratas deixam a cena. Pouco depois, entra o Mané Sabiá. Julieta, ao vê-lo, procura esconder-se,
preparando uma surpresa...
O Mané procura senta-se à frente do palco.
JULIETA – ( sem colocar-se à vista do Mané): Romeu! Ó, meu Romeu!
MANÉ SABIÁ – ( sem notar a presença da Julieta): Engraçado, ultimamente tenho ouvido vozes estranhas...
JULIETA- Sou eu, meu Romeu. A sua Julieta...
MANÉ SABIÁ – (para a platéia): Tem algum Romeu por aí? (para a Julieta): O Romeu foi tomar um
cafezinho, dona!
JULIETA – ( aproxima-se, observando se não há alguém por perto): Oh, meu Romeu. Como você é esquecido.
Não vê que estou falando com você?
MANÉ SABIÁ – ( olhando para a platéia): Olhe aqui, dona, não estou vendo nenhum Romeu por aqui.
(erguendo-se): Se a senhora tá falando com algum fantasma, me avise que vou dar no pé.
JULIETA – (ajoelha-se aos pés do Mané): É com você, querido, que estou falando. Esqueceu-se de mim?
MANÉ SABIÁ – ( procurando nos bolsos): As minhas pílulas? Onde estão as minhas pílulas?
JULIETA – ( um tanto irritada): Ora, Romeu. Estou tentando falar com você e você se preocupa com as
pílulas?
MANÉ SABIÁ – A senhora perguntou se eu esqueci da senhora. As minhas pílulas me ajudam a lembrar das
coisas... ( toma uma pílula): São ótimas, mas têm um gosto horrível. ( faz careta): Tá fazendo efeito... (
começam os sintomas do efeito...):Lembrei! ( teatral): Julieta, ó Julieta!
JULIETA – Romeu meu, eu fico tão triste quando você não atende aos meus chamados...
MANÉ SABIÁ – Também, você tem a mania de me chamar de Romeu...
JULIETA – Você nunca ouviu a estória de Romeu e Julieta? Você é o Romeu meu e eu sou a tua Julieta.
MANÉ SABIÁ – Eu sou o Mané.
JULIETA – Romeu.
MANÉ SABIÁ – Mané!
JULIETA – Romeu!
MANÉ SABIÁ – Mané, droga!
JULIETA – Romeu, Romeu, Romeu!
MANÉ SABIÁ – Está bem, você venceu! Mané já era, pra você eu sou Romeu.
Cantando (letra no “apêndice”) e dançando, juntamente com alguns personagens, ambos completam a cena.
E todos deixam o palco.
CENA 7
Os Pardais entram em cena. Como um cortejo real, à frente o Visconde e Dona Pardaloca, espalham-se pelo
centro do palco. Dois deles trazem um trono.
VISCONDE – ( indicando um lugar para o trono): Está bem ali. (o trono é colocado no lugar indicado e o
Visconde senta-se): Sinto-me cansado e fraco.
DONA PARDALOCA – Se me permite, digo-lhe que a culpa é toda sua.
DOM PARDALOUCO – Como pode ser culpa do nosso amado Visconde? Um Visconde de Pardalena não é
culpado de nada.
DONA PARDALOCA – É culpa dele, sim. Se fosse mais severo com os sabiás, não teria tantos
aborrecimentos. Não estaria cansado e fraco.
DOM PARDALOUCO – Dona Pardaloca, se me permite, devo continuar discordando da amada Viscondessa.
Um nobre não é culpado de coisa alguma.
PARDALANA- Dom Pardalouco, escute bem. Os sabiás devem pagar seus impostos regularmente. O
Visconde, ultimamente, está muito bondoso...
VISCONDE – Pardalana tem razão. Não sei o que acontece comigo, mas me sinto injusto em cobrar impostos
dos sabiás...Afinal, este bosque era deles antes de chegarmos...
- 9 -
DONA PARDALOCA – Ora, quanta besteira, Visconde. Este bosque poderia ser dos sabiás antes da nossa
chegada... Mas trouxemos o progresso para cá.
PARDALANA – Trouxemos a civilização, amado Visconde.
VISCONDE – Sim, eu sei... Mas será que era isso que eles queriam? O progresso, a civilização, em troca da
liberdade?
DOM PARDALOUCO – Se não fôssemos nós, Alteza, os sabiás ainda estariam vivendo em pleno estado
selvagem...
DONA PARDALOCA – Através dos impostos, nós oferecemos a eles mais conforto.
VISCONDE – Em troca, mandamos as riquezas deles para o nosso bosque. Seria justo?
PARDALANA – É o preço do progresso.
DONA PARDALOCA – Aumente os impostos. Nossos estoques estão ficando vazios.
PARDALANA – Aumente os impostos. Nossa alimentação está muito fraca.
DONA PARDALOCA – Tome uma providência inteligente.
DOM PARDALOUCO – O amado Visconde é inteligente.
VISCONDE – ( pensa um pouco e...): Está bem. Vou aumentar os impostos. Três quilos de alpiste por dia.
PARDALOTE – Não acha muito, Alteza?
DONA PARDALOCA – Muito? Ora, pequena Pardalote, então... ( é interrompida pelo Visconde).
VISCONDE – Responda eu, dona Pardaloca! A Senhora tem a mania de falar por mim.
DONA PARDALOCA – (altiva): Sou Dona Pardaloca, primeira e única, a Viscondessa da Pardalena. Tenho
direitos!
VISCONDE – Não tem direitos nenhum enquanto eu estiver presente! Se a senhora é a Viscondessa, eu sou o
Visconde de Pardalena, não se esqueça!
DOM PARDALOUCO – Quem manda aqui é o amado Visconde.
PARDALANA – Mas a Dona Pardaloca é a Viscondessa...
VISCONDE (irritado): Mas quem manda aqui sou eu. E fim de papo!
PARDALOTE – Seria bem melhor se a gente não ficasse brigando, não acham?
DONA PARDALOCA – Por que você diz isso, pequena Pardalote?
PARDALOTE – Sem brigas, poderíamos estudar outra maneira...Tenho pena dos sabiás.
PARDALANA – Visconde, o senhor precisa cuidar melhor da educação de Pardalote. Ela anda muito
atrevida.
PARDALOTE – Só porque eu falo o que penso? É verdade, vocês estão explorando os sabiás...
DONA PARDALOCA – Pardalote, isso são modos?
DOM PARDALOUCO – Deixa-a, Alteza. É apenas um filhote...
DONA PARDALOCA – Pois é de pequenino que se torce o pepino.
Nesse instante, entram a Pardalina, a Maria Sabiá, Lucinha e o Fantasma.
PARDALINA – Com licença, Alteza. Trouxe-lhe estes sabidos. Estavam escondidos atrás da porta, escutando
tudo. ( o Visconde se levanta do trono e o Dom Pardalouco corre para sentar-se em seu lugar).
VISCONDE – (olhando-os bem): Quem são eles, Pardalina?
PARDALINA – Acho que são espiões, Alteza.
MARIA SABIÁ – Não somos espiões coisa nenhuma. Estamos aqui para falar com o Visconde de Pardalena.
VISCONDE- Sou eu o Visconde...
DONA PARDALOCA – Falar com o Visconde sobre o que?
FANTASMA – Dos nossos problemas.
DOM PARDALOUCO – (rindo): Mas nós ainda não estamos mandando no céu, caro fantasma!
FANTASMA – Bem, eu quis dizer nossos problemas deles... Isto é, dos sabiás.
LUCINHA – Eu também estou aqui pelo mesmo motivo, Alteza. Meu nome é Lucinha e eu moro um
pouquinho longe daqui...
PARDALOTE – Muito prazer, Lucinha. Eu sou a Pardalote, a mais nova do bosque...
LUCINHA – Você á a caçula? Que legal, eu também sou lá em casa...
VISCONDE – Calem-se!
DOM PARDALOUCO – Calem-se! (sob o olhar repreensivo do Visconde): O amado Visconde mandou que
se calem...Inclusive eu...
- 10 -
PARDALANA- E então, o que vocês querem?
VISCONDE – Eu faço as perguntas. E então, o que vocês querem?
MARIA SABIÁ – Que o senhor pense melhor.
FANTASMA – E ajude os sabiás...
LUCINHA – Diminuindo os impostos.
DOM PARDALOUCO - (agressivo): Isso é problema meu!
VISCONDE – ( ao Pardalouco): Seu?!
DOM PARALOUCO – (confuso): Isto é... Da Dona Pardaloca...
VISCONDE – ( irritadíssimo): De quem?
DOM PARDALOUCO – ( dissimulando completamente): Do melhor, do mais inteligente, do mais sábio. É um
problema do Visconde de Pardalena, o mais amado, o mais esperto, o mais( é interrompido pelo Visconde em
fúria).
VISCONDE – Calado! E saia do meu trono, rei dos puxas! ( Dom Pardalouco deixa, bem rápido, o trono do
Visconde).
PARDALOTE – Acho que esse é um problema de todos nós. Todos, em acordo, devemos ajudar o Visconde a
resolver seus problemas. É assim uma família.
PARDALANA – Você já falou demais, Pardalote. Como sua tia, ordeno-lhe que se cale.
PARDALOTE – Era assim que eu queria minha família, não como é realmente.
VISCONDE – Obrigado a todos, mas não preciso de ajuda. Eu já decidi o que fazer. Vou aumentar os
impostos, a partir de amanhã.
MARIA SABIÁ – Aumentar?
LUCINHA – Que absurdo!
FANTASMA – Olhe que vou usar meus poderes de fantasma, hein!...
PARDALINA – Você não tem poderes nenhum. É um fantasma fracassado. Fantasma que se preste, não
anda atrás de gentinha como os sabiás.
DONA PARDALOCA – Serão três quilos de alpiste por dia. A partir de amanhã.
MARIA SABIÁ – Três quilos? Se já é tão difícil conseguirmos pagar um quilo por dia, imaginem três... (
começa a chorar, sendo consolada pelo Fantasma e pela Lucinha).
PARDALANA – E se não pagarem, serão expulsos do bosque. É a lei!
PARDALOTE – ( aproxima-se de Maria Sabiá ): Não chore. Ainda encontraremos uma boa solução...
PARDALINA – O problema é que precisamos comer.
LUCINHA – E por que vocês não procuram alimento? Nós até que poderíamos ajudá-los nisso.
FANTASMA – Seria tão bom se nos tornássemos amigos... Todos juntos...
PARDALINA – Amigos? Quanta bobagem, fantasma. Como é que nobres como nós poderiam ser amigos de
selvagens como vocês?
DONA PARDALOCA- E depois, temos os sabiás para tratarem do nosso alimento. Nós governamos este
bosque. Nós damos as ordens, entenderam?
VISCONDE – Já falamos demais. Preciso repousar, agora. Vamos, retirem esse elementos daqui. Quero ficar
tranqüilo.
PARDALINA – Vamos deixá-los soltos, Alteza?
VISCONDE – Presos, eles não teriam condições de pagar os impostos. Podem soltá-los. ( senta-se no trono,
recostando a cabeça para dormir).
Todos, então, deixam o palco, com exceção do Visconde, que fica dormindo em seu trono.
CENA 8
Sem notar a presença do Visconde, entra o Piratão, sempre carregando o seu baú. Aproxima-se do lado
esquerdo do palco, bem a frente, onde deposita o baú.
PIRATÃO – Piratinha! Piratolo! Encontrei um bom lugar! Venham.
PIRATINHA – ( aparecendo no palco, observa o Visconde, bem de perto. E faz sinal para o Piratolo, que está
fora do palco): Ei, Piratolo, venha ver que cara engraçado. ( o Piratolo aproxima-se, na ponta dos pés).
PIRATÃO – Andem, seus bobalhões! Estou esperando. E quando espero muito, fico irritado.
- 11 -
PIRATOLO – já estamos aqui, Capitão.
PIRATÃO – ( sem olhar para trás): Pois comecem a cavar.
PIRATINHA – Onde, amado chefe?
PIRATÃO – Aí mesmo, onde vocês estão!
PIRATOLO - (notando que o trono do Visconde atrapalha): Aqui não dá, amado Capitão.
PIRATÃO – Tem que dar!
PIRATINHA – Sabe o que é, amado chefe. Tem uma coisa que não vai deixar a gente cavar direito...
PIRATÃO – É um pedra?
PIRATINHA e PIRATOLO – Não.
PIRATÃO – É uma árvore?
PIRATINHA e PIRATOLO – Não.
PIRATÃO – Está embaixo ou em cima da terra?
PIRATINHA e PIRATOLO – Em cima.
PIRATÃO – Então, tirem a coisa daí e comecem a cavar antes que eu me irrite.
Piratinha e Piratolo entreolham-se, dão de ombros e começam a carregar o trono, com Visconde e tudo, para o
outro lado. O Visconde não acorda, a não ser quando...
PIRATINHA – (gritando): Pronto, amado chefe!
VISCONDE – (acordando): Eu já ouvi isso... Dom Pardalouco? ( dá de cara com os dois piratas, que se
assustam).
PIRATOLO – Foi a amado chefe quem mandou ( aponta para o Capitão Piratão).
PIRATINHA – A gente só faz o que o amado chefe manda...
VISCONDE – ( caminha, passo a passo, em direção às costas do Piratão, até que... – grita): CARTACHE!
PIRATÃO – ( ainda de costas): ORBACHE! ( e põe-se em posição de sentido, ainda de costas , sob os
olhares surpresos dos piratas).
VISCONDE – ( voz de comando – grita): CRACACHOA!
PIRATÃO – (ainda de costas) : -PLISH-FLASH! (dá mais volta e, em continência, põe-se de frente para o
Visconde).
VISCONDE – ( rodeando o Capitão, observa-se de cima a baixo): Então, você é o tal pirata que está
esburacando o meu bosque...
PIRATÃO – (ainda em continência): Capitão Piratão, primo do Capitão Gancho, Alteza.
VISCONDE – Primo do Capitão Gancho...Bom...Muito bem...
PIRATINHA – É verdade, sim “seu”...
PIRATOLO – Tá escrito na certidão de nascimento dele, “seu”...
VISCONDE – Visconde de Pardalena, senhores. Sou o Visconde de Pardalena. Primo do Capitão Gancho...
(voz de comando – grita) : APLACHE!
PIRATÃO – (responde, com grito): BOMBAUM! ( e, fazendo um quarto de volta, marcha um pouco e retorna
à posição inicial, bem à frente do Visconde).
PIRATINHA – ( um tanto “abobalhado”) : “Seu” Visconde, posso lhe fazer uma pergunta?
VISCONDE – Claro que pode.
PIRATINHA – Ele (indica) está hipnotizado?
PIRATOLO – ( com gesto apropriado): Ou fico lelé da cuca?
VISCONDE – Nem um coisa nem outra. Está sob um comando disciplinar. É um excelente pirata. Muita
disciplina... (voz de comando): CRICACHE!
PIRATÃO – ( respondendo): PLOU-PLOU! ( põe se à vontade): Obrigado, Alteza.
VISCONDE – Pode me dizer o que anda tentando fazer no meu bosque?
PIRATÃO – Esconder o meu tesouro, Alteza.
VISCONDE – Que tesouro é esse, Capitão?
PIRATÃO – Um tesouro roubado do Capitão Gago Velho, Alteza.
VISCONDE – Do Gago Velho? (cai na gargalhada). Eu não acredito, Capitão. Você sabe quem é o Capitão
Gago Velho?
PIRATÃO – Só sei que é um Capitão valente, Alteza.
VISCONDE – Pois saiba que o Capitão Gago Velho é o meu maior inimigo, Capitão. Você fez um grande
- 12 -
serviço, Capitão.
PIRATÃO – Obrigado, Alteza.
VISCONDE – Capitão Piratão, a partir de agora, você é meu convidado de honra! Venha comigo. Quero
apresentá-lo para a família pardal. (para os dois piratas): Tragam o tesouro e o meu trono. (para o Piratão):
Quem diria... (põem-se de saída): O Capitão Gago Velho perdeu o seu tesouro...
PIRATINHA – (indignado): Você viu? Agora são dois a nos dar ordens.
PIRATOLO – ( também indignado): E nada de férias. Agora, são dois a dizer não.
PIRATINHA – Bem, o jeito é trabalhar. Você pega o trono e eu o tesouro.
PIRATOLO – De jeito nenhum. Eu pego o tesouro e você o trono.
PIRATINHA – Tudo bem. Nós pegamos o tesouro e depois o trono, certo?
PIRATOLO – Certo. É melhor, mesmo.
E ambos pegam o baú e o levam para fora de cena, deixando o trono.
Cena 9
Retorna, então, o Fantasma. Como não há ninguém, ele fica à vontade. Vê o trono e...
FANTASMA – Que legal, um trono! Vou colocá-lo bem ali na frente. ( arrasta o trono até o proscênio). ( para
a platéia): Vocês acham que está bem aqui? (espera resposta): Muito bem, ele vai ficar aqui mesmo. Puxa,
será que eu posso sentar nele? Eu poderia ser ...Visconde da alma penada... Não, não é legal...Visconde...das
noites de terror...Chiii, esse é pior, não acham? Visconde... Visconde...De qualquer coisa, ora...Taí, eu sou o
Visconde de qualquer coisa! Lega.( senta-se, fazendo pose): Será que esta pose está boa? Acho que
não...Vamos lá, criançada. Alguém aí faz um pose de Visconde de qualquer coisa. ( escolhe outro “modelo”,
seguindo o mesmo “ritual” de imitação. Por fim, escolhe o terceiro e último “modelo”, apontando-o e
imitando-o. É quando os dois piratas retornam para buscarem o trono e...).
PIRATINHA – ( dirige-se, juntamente com o Piratolo, ao local onde estava o trono): Ué, o trono estava aqui...
PIRATOLO – ( apontando): Não, ele está ali. ( o Fantasma começa a tremer, encolhendo-se no trono).
PIRATINHA – Eu tinha a impressão que o deixamos aqui. Em todo caso...( dirigem-se para o trono).
PIRATOLO – (indo à frente, vê primeiro o Fantasma e perde a fala. Com mímica, tenta avisar o Piratinha que
ali, no trono, tem um fantasma).
PIRATINHA – ( a princípio, não entende. Depois, ele vê o Fantasma e começa a responder, em mímica, que
já o viu).
FANTASMA – ( que também perde a fala, tenta dizer aos dois que não faz mal a ninguém, em mímica).
E por algum tempo, ficam os três, com as pernas tremendo, falando em mímica, sem conseguirem sai do lugar,
até que...
VISCONDE – ( ao fundo do palco, em companhia do Capitão)(voz de comando): CARTACHE!
FANTASMA – ( responde): ORBACHE! ( e põe-se em posição de sentido).
CAPITÃO ( voz de comando): CRACACHOA!
FANTASMA – ( responde) PLISH- FLASH! ( dá meia volta e, e, continência, põe-se de frente para os dois).
VISCONDE – ( voz de comando) : APLACHE!
FANTASMA –( responde): BOMBAUM! ( faz um quarto de volta e marcha um pouco, retorna à posição
inicial).
VISCONDE – ( aos piratas, que estão boquieabertos): Podem trazer o trono, rapazes!
CAPITÃO – Belo exemplo de disciplina nos deu esse fantasma, Visconde. Foi algum navegador?
VISCONDE – (de saída): Dos bons. É o Capitão Gago Velho. Morreu de desgosto por Ter perdido o tesouro.
Vamos?
CAPITÃO – ( boquiaberto, tal qual os dois piratas ): Não me diga...Alteza... ( e sai, seguido pelos piratas e o
trono).
CENA 10
- 13 -
Julieta e Mané Sabiá retornam à cena. Ele vem à frente, perseguido pela Julieta.
JULIETA – Ó Romeu meu, escute... Romeu meu benzinho... Pare...
MANÉ SABIÁ - Eu já falei pra senhora que aqui não tem nenhum Romeu. Puxa, como a senhora me cansa.
FANTASMA – Mané, o que é isso?
MANÉ SABIÁ - Essa dona é maluca, Fantasma. Só anda atrás de mim e vive chamando um tal de Romeu...
Sei lá quem é esse Romeu.
FANTASMA – Você tem tomado o seu remédio, Mané. É para você não esquecer das coisas...
MANÉ SABIÁ – É que eu esqueço de tomar o remédio, Fantasma.
JULEITA – Vem cá, Romeu meu. Fale comigo, a sua Julieta.
FANTASMA – Não chateie o Mané, Julieta. Já chega os problemas que ele tem...
JULIETA – Pois fique sabendo que ele é meu namorado. É que ele sempre esquece disso...
FANTASMA – Namorado?! Mas ele é um sabiá...
JULIETA – Não me importa nem um pouco. Eu o amo e pronto!
FANTASMA – Os pardais já sabem disso? Eu acho que eles não vão gostar de ver um pardal namorando um
sabiá.
JULIETA – Não, não sabem de nada. E nem me interessa. Ele é o meu Romeu.
FANTASMA – Mané.
JULEITA – Romeu.
FANTASMA – Mané.
JULIETA – Romeu, Romeu, Romeu.
MANÉ SABIÁ – Está bem., você venceu... Ora, isso me lembra de alguma coisa... Sim, as minhas pílulas! (
procura nos bolsos): Onde estão as minhas pílulas? ( encontra, toma uma e...): Julieta! Ó, Julieta!
FANTASMA – Nossa, que confusão isso vai dar! Quando os pardais souberem, vai ser bicada pra todos lados.
Entram, então, os outros sabiás, em companhia da Pardalote, da Lucinha, da Mimosa e do Xereta, além do
Conselho da Floresta. Maria Sabiá e Lucinha põem-se à frente do grupo.
MARIA SABIÁ – Vejam, senhores do Conselho, este é o nosso bosque. Aqui nós nascemos, vivemos... É a
nossa terra.
LUCINHA – Com justiça, este bosque deve ser governado pelos sabiás.
JULIETA – (vendo Pardalote no grupo): Mas o que é isso? A Paradalote aqui?
MARIA SABIÁ – Ela é nossa amiga, Julieta. Como você, que chega a semear alpiste para nos ajudar.
LUCINHA – E este (indica) são os membros do Conselho da Floresta.
CORUJA – Sou a Conselheira Coruja. Tenho a sabedoria dos grandes mestres da floresta.
RAPOSA – Sou a Conselheira Raposa. Tenho a esperteza a agilidade dos grandes mestres da floresta.
ARARA – Sou a Conselheira Arara. Tenho a beleza e a graça dos grandes mestres da floresta.
De repente, saltitantes, entram os três macacos conselheiros. Com saltos, colocam-se à frente dos outros
conselheiros.
MICO – Eu sou o Mico!
MACO – Eu sou o Maco!
MOCO – Eu sou o Moco!
MICO – Eu não vejo! ( cobre os olhos).
MACO – Eu não falo! ( cobre a boca).
MOCO – Eu não escuto! (cobre os ouvidos).
MICO – Mas eu falo pelos que não falam.
MACO - E eu vejo pelos cegos.
MOCO – E eu ouço pelos surdos.
MICO – Somos todos Conselheiros da Floresta.
MACO – Como a coruja, a raposa e a arara.
MOCO – E comemos bananas também ( e passam a comer bananas).
MARIA SABIÁ – Bem, agora que já conhecem o nosso problema, que vão fazer?
- 14 -
CORUJA – Um julgamento. Queremos analisar bem os dois lados da questão.
RAPOSA – Precisamos fazer justiça para todos. Não podemos decidir sem um julgamento justo.
ARARA – É uma questão de princípios. Você, habitantes de todos os lugares, nos elegeram para o Conselho.
Somos imparciais.
MICO – Devemos preparar a reunião para o julgamento.
MACO – Que todos se coloquem nos seus devidos lugares.
MOCO – E que todos fiquem em silêncio, falando um de cada vez.
A colocação dos personagens, para a reunião de julgamento, é feita através de coreografia. Os conselheiros
ficarão ao fundo do palco, dispostos ao meio do espaço cênico. Os sabiás e todos aqueles que estão do seu
lado, ficarão à direita. À esquerda ficarão os pardais, assim que entrarem em cena.
Todos já colocados...
JULIETA – Eu queria fazer um pedido ao Conselho.
CORUJA – Pois bem, fale o que quer.
JULIETA – Eu queria casar. Ou melhor, eu quero casar.
RAPOSA – Mas isso não é um problema do Conselho. É de família.
JULIETA – Pois aí está o problema. Minha família não vai permitir...
ARARA – Seu namorado é algum... bandido?
JULIETA – Para os pardais, é o pior que isso. Ele é um sabiá. ( os conselheiros murmuram entre si e...).
CORUJA – Vamos discutir um pouco. Depois, daremos nossa opinião. ( em círculo, os conselheiros discutem,
através de mímica).
XERETA – Você viu, Mimosa, que bacana? Eles querem casar?
MIMOSA - Acho que vai ser tão engraçado...
LUCINHA – Silêncio. O Conselho está discutindo... – pausa –
RAPOSA – ( quebrando o silêncio): Já temos uma solução.
ARARA – Aliás, uma solução inteligente.
MICO – Tivemos uma ótima idéia.
MACO – Uma idéia banana... Ou melhor, bacana.
MOCO – E nós só temos idéias bananas... digo, bacanas.
MICO – O próprio Mané deve encontrar uma solução.
MACO – E se os sabiás tiverem sorte, o Mané poderá se casar com a Julieta.
MOCO – Caso contrário, o jeito é comer bananas. ( os três passam a comer bananas).
CORUJA – Pois bem, alguém deve chamar os pardais. ( um sabiá ergue a mão e sai do palco, retornando em
seguida): Já estão avisados? ( o tal sabiá balança a cabeça, afirmativamente): Ótimo.
RAPOSA – Lembrem-se do silêncio.
ARARA – Fala um de cada vez.
E finalmente entram os pardais. Ao sinal da Coruja, colocam-se no lugar determinado, com exceção do
Visconde, que pará no meio do palco.
VISCONDE – Mas o que é isso?
DONA PARDALOCA – Que estória é essa de nos obrigarem a uma reunião?
RAPOSA – Ninguém está obrigados a nada. Se quiserem, podem sair.
OS SABIÁS – MAS NÓS FICAMOS.
VISCONDE – E nós ficaremos também. Só queremos saber de que se trata.
ARARA – Uma solução para os problemas do bosque.
PARDALINA – Isso é absurdo. É uma ofensa!
DONA PARDALOCA – Com ordem de quem vocês marcaram esta reunião?
CORUJA – Autorizados pelo o rei Leão Terceiro.
VISCONDE – Está certo. Comecemos, então. Quais são problemas do bosque?
RAPOSA – Os sabiás estão se queixando dos altos impostos cobrados pelos pardais.
ARARA – Os pardais negam essa acusação?
DONA PARDALOCA – Eu nego terminantemente que...
- 15 -
VISCONDE – Quem responde sou eu, Dona Pardaloca! Não, não negamos essa acusação.
CORUJA – E de quanto é esse imposto, atualmente?
VISCONDE – Meio quilo de alpiste por dia.
ZÉ SABIÁ – É mentira. Eles nos cobram três quilos de alpiste por dia.
RAPOSA – É verdade, Visconde?
VISCONDE – É verdade. Três quilos por semana.
PARDALOTE – É mentira. São três quilos por dia, senhores do Conselho. Eu vivo dentro do palácio e sei da
verdade.
PARDALINA – Pardalote, cale-se!
PARDALANA – Eu avisei o Visconde sobre essa filhote.
VISCONDE – Tudo bem. É isso mesmo, três quilos por dia. E estamos pensando em aumentar mais. (
confusão geral – falatório).
CORUJA – Silêncio, por favor!( todos se calam): É verdade, Visconde, tudo isso?
VISCONDE – Sim, é verdade. Somos os governantes deste bosque. Temos esse direito. Ou nos pagam, ou são
expulsos daqui.
RAPOSA – Vocês abusaram do direito de governar.
ARARA – AGORA, terão de vencer os sabiás para continuarem governando este bosque.
DONA PARDALOCA – Vencer? Que estão querendo dizer?
CORUJA – Uma competição. Vocês contra os sabiás.
RAPOSA – Aqueles que se mostrarem mais inteligentes, mais ágeis, deverão governar este bosque.
VISCONDE – Muito bem. Que espécie de competição?
MICO – Três jogos: um de força...
MACO – Um de agilidade...
MOCO – Outro de raciocínio.
CORUJA – A competição está marcada para amanhã, logo que o sol nascer. Aqui mesmo. Esperamos contar
com todos os senhores. Até mais, senhores!
Os Conselheiros deixam o palco, seguidos por todos, à exceção do Visconde.
CENA 11
O Visconde mostra-se pensativo. Anda de um lado para outro, nervoso. Pouco depois, entra a Julieta, que vai
ao seu encontro.
JULIETA – Visconde, meu pai, quero me casar.
VISCONDE – E o que é que eu tenho com isso?
JULIETA – O senhor é o meu pai, ora. Tem que autorizar.
VISCONDE – Está autorizada. E não me aborreça. Tenho problemas demais por aqui.
JULIETA – O senhor deixa? Sem saber quem é o meu namorado?
VISCONDE – Foi o que eu disse. Pode casar com quem quiser. Não me importa.
JULIETA – ( à platéia): Vocês viram, eu posso casar com quem eu quiser. E eu quero casar com o meu
Romeu. Ó Romeu meu, finalmente...
VISCONDE – ( meio indiferente): Quem é esse Romeu? não conheço nenhum pardal com esse nome.
JULIETA – Ele não é um pardal. É um sabiá...
VISCONDE – Ah, bom. Eu logo vi...Eu nunca havia...O que? Um sabiá?
JULIETA – Sim, um sabiá. O mais bonito, o mais forte, o mais elegante...
VISCONDE – (“explode”): De jeito nenhum! Eu jamais permitirei que qualquer pardal se case com um sabiá.
É um absurdo. Um crime! Onde já se viu, minha filha casada com um sabiá! ( passa mal): Ai meu coração! Os
meus sais, os meus sais!
Pardalina e Pardalana entram corrrendo.
PARDALANA – O que aconteceu, Alteza? ( dá um copo com sais ao Visconde, que bebe).
- 16 -
PARDALINA – O que houve, Alteza?
VISCONDE – Essa ingrata da Julieta. Ela que se casar... Ai, como dói...( apalpa o peito).
PARDALANA – Mas isso é ótimo, Alteza. Um casamento na corte...
PARDALINA – Faz muito tempo que não temos festas por aqui...
JULIETA – É que eu quero casar com um sabiá, o Romeu meu...
PARDALANA – AH, ela quer se casar com um ... SABIÁ?
PARDALINA – Que baixeza, Alteza! Um sabiá...
JULIETA – Um sabiá é um sabiá, ora.
VISCONDE – Pois muito bem, um pardal é um pardal. E daí? Puxa, como dói...
PARDALANA – Nunca pensei, Julieta, que você também passa-se pro lado dos sabiás.
PARDALINA – Já não bastas a Pardalote ser um traidora, agora você também.
JULIETA – Não sei por que... Não me considero traidora. Só porque eu gosto de um sabiá?
VISCONDE – Eles são nossos inimigos.
JULIETA – Não, senhor Visconde. Nós é que somos inimigos deles.
VISCONDE – Olhe, Julieta, não estou me sentindo bem. Não vou discutir mais. Quero descansar um pouco. (
sai, em companhia da Pardalana e Pardalina).
JULIETA – ( fala à platéia): Vocês acham que estou errada? ( espera a resposta): Eu quero casar com o
Romeu meu. Ele é lindo, forte, inteligente... Vocês não acham ? ( espera a resposta). A minha estória é
igualzinha a do Romeu e Julieta. Tão romântica... Tão triste...( ouve-se a voz do Visconde: “Julieta, venha
dormrir! Amanhã, logo cedo, temos competição entre os pardais e os sabiás. Quem ganhar , vai governar este
bosque. Tchau, gente ! ( e sai).
CENA 12
Através de coreografia, canto ( letra no “Apêndice”) e muita animação, todos os personagens retornam à cena.
Depois, dispostos esteticamente pelo palco, dividem-se em três grupos: conselho, pardais e sabiás. Lucinha,
Xereta e Mimosa ficam do lado dos pardais. Piratinha e Piratolo também, para surpresa do Piratão. E o
Fantasma pões-se ao Conselho.
CORUJA – Bem, senhores, vamos iniciar a competição. Lembrando que o vencedor deverá,
democraticamente, governar este bosque.
RAPOSA – A competição será limpa, sem brincadeiras e brigas.
ARARA – Qualquer dúvida, nós, do Conselho, julgaremos. Que vença o melhor.
MICO – Cada lado deverá indicar seus jogadores.
MACO – Os outros não devem intervir, a não ser que sejam autorizados.
MOCO – Quem vencer, ganha. Quem perder... o jeito é comer bananas. ( os três macacos comem bananas).
CORUJA – A primeira prova será escolhida pelos pardais.
VISCONDE – ( Para o seu grupo): Não tenham medo, pardais. Somos os mais fortes e os mais inteligentes
deste bosque. Portanto, venceremos facilmente.
DONA PARDALOCA – A primeira prova será de força. ( fala para todos): Um pardal e um sabiá ficarão
frente à frente. Aquele que derrubar primeiro o outro, será o vencedor.
DOM PARDALOUCO – Meus parabéns, Dona Pardaloca. Idéia muito inteligente.
RAPOSA – Não serão permitidos socos, pontapés ou golpes violentos. Apenas o uso da força.
VISCONDE – Os pardais indicam Dom Pardalouco para essa prova. É o mais forte dos pardais.
ARARA – Muito bem. E os sabiás, quem indica?
MARIA SABIÁ – Nós indicamos o Zé Sabiá.
ZÉ SABIÁ – Eu? Mas eu não sou forte, Maria Sabiá.
XERETA – Vá você mesmo.
MIMOSA – É mais uma questão de sorte...
LUCINHA – Você foi o indicado. Devia se orgulhar disso.
ZÉ SABIÁ – Está bem ... Eu aceito.
CORUJA – ( enquanto os dois se colocam frente à frente): Esperam os três sinais. Ao terceiro, comecem.
RAPOSA – Mico, Maco e Moco, os sinais.
MICO – BBIIIIIMMMMM...
MACO – BBBOOOOOMMMM...
- 17 -
MOCO – BBBBUUUMMMMM!
Sob imensa torcida, para a qual a platéia é convocada pelos sabiás., os dois começam a prova. O Pardalouco
tenta agarrar o Zé Sabiá, mas este escapa a todo instante. De repente, o Zé abaixa-se rapidamente e agarra os
pés do Pardalouco, derrubando-o. Os sabiás festejam, “puxando” a platéia.
ARARA- Os sabiás venceram a primeira prova.
VISCONDE – Bolas, perdemos a primeira prova.
RAPOSA – Como os pardais perderam a primeira prova. É do regulamento que escolham a Segunda prova.
CORUJA – Prova de agilidade, de rapidez.
PARDALANA – Pois, bem, o jogo é o seguinte. Joga-se uma pena para o ar. Aquele que a agarrar primeiro,
vence.
MARIA SABIÁ – Ótimo. Nós indicamos o Mané Sabiá.
MANÉ SABIÁ – E o que devo fazer?
ZÉ SABIÁ – Fácil. Basta você apanhar a pena antes que o pardal a pegue.
VISCONDE – Vá você, Pardalina. E não perca! É uma ordem!
Novamente as torcidas começam a animar os seus lados.
ARARA – Mico, Maco e Moco, os sinais. Fantasma, jogue você a pena.
O Mané e a Pardalina, frente à frente. O Fantasma coloca-se entre os dois.
MICO – BBBIIIIIMMMMM...
MACO – BBBBOOOOMMMM...
MOCO – BBBUUUMMMM!
O Fantasma atira a pena para o ar e se afasta. Pardalina apressa-se em apanhar a pena, enquanto o Mané fica
apenas observando.
CORUJA – Os pardais venceram esta prova.
Comemoração do lado dos pardais, que tentam “puxar” a platéia sob as vaias dos sabiás.
MARIA SABIÁ – O que você fez, Mané? Nem tentou pegar a pena...
MANÉ – Puxa, eu esqueci...
ZÉ SABIÁ – Ele não tomou o remédio, Maria Sabiá.
MANÉ – É o que eu fazer agora ( pega uma pílula no bolso e toma).
RAPOSA – Teremos, agora, a última prova . como estão empatados, quem vencer governará este bosque.
ARARA – Alguém gostaria de colocar mais alguma coisa na competição?
MANÉ – Eu gostaria.
ARARA – Então, fale!
MANÉ SABIÁ – Se nós vencermos, quero autorização para casar com a Julieta.
DONA PARDALOCA – Isso não está em jogo. Não permitirei.
PARDALOTE – Pois eu concordo. Acho que é justo o pedido do Mané Sabiá.
CORUJA – O Conselho também está de acordo.
VISCONDE – Mas eu sou pai da Julieta e...
RAPOSA – O senhor é o pai, mas não o dono da vida dela. Deve orienta-la, aconselhá-la, mas não decidir por
ela.
PIRATINHA – ( meio tímido): Nós também gostaríamos de colocar alguma coisa...
CORUJA – Pois fale.
PIRATOLO – Se os sabiás vencerem, gostaríamos de ganhar umas fériazinhas...
PIRATINHA – Sabe, nós nunca tivemos descanso...
PIRATOLO – Nem divertimentos...
- 18 -
ARARA - As férias são um direito sagrado de todo cidadão. Quem trabalha um ano inteiro, deve descansar e
divertir-se. O Conselho aprova.
PIRATÃO – Eu sou patrão e não fui ouvido.
RAPOSA – Patrão é aquele que reconhece os direitos de seus empregados. O senhor não poderá discutir esse
assunto.
CORUJA - A última prova será escolhida pelos sabiás, que perderam a Segunda.
MANÉ – Lembrei!
MARIA SABIÁ – O que você lembrou, Mané?
MANÉ SABIÁ – Qual será a última prova. Deixem que eu escolha a prova.
ZÉ SABIÁ – Está bem, Mané. Nós confiamos em você.
RAPOSA – Pois explique, Mané Sabiá.
MANÉ SABIÁ – ( bastante alegre): A prova é bem simples. ( faz um risco no chão): Aquele que passar por
baixo deste risco, será o vencedor.
CORUJA – Os pardais podem tentar. Deverão passar por baixo do risco, sem cavar ou sem dar a volta no
mundo?
MANÉ SABIÁ – É um prova de raciocínio , não é.
DOM PARDALOUCO – Deixa comigo, amado Visconde. ( joga-se no chão e tenta passar por baixo do risco,
inutilmente).
VISCONDE – Não seja bobo, Pardalouco. Não há solução para esse jogo. Senhores sabiás, vamos tentar
outra prova.
MANÉ SABIÁ – Não senhor Visconde. Agora é a minha vez de jogar. E eu passo por baixo desse risco.
VISCONDE – Impossível!
MANÉ SABIÁ – Não é, não! ( para os outros sabiás): Tragam o objeto. ( os sabiás se retiram e, rapidamente,
voltam, trazendo um grande espelho. E com a ajuda do Mané, suspendem o espelho voltado para o risco do
chão): O que é que os senhores estão vendo nesse espelho? ( alguns pardais e os três macacos olham o risco
refletido no espelho): É o risco do chão, não é?
PARDALINA – É, estou vendo o risco que você fez no chão...
MICO, MACO e MOCO – É o risco.
MANÉ SABIÁ – ( passa por baixo do espelho): Então, passei por baixo do risco. Sem cavar e sem dar volta
no mundo.
CORUJA – Os sabiás venceram!
Alegria geral entre os sabiás. O Mané e a Julieta se abraçam. Os pardais, pouco a pouco, vão se afastando,
com muita tristeza.
PIRATINHA e PIRATOLO – Viva, estamos em férias!
JULIETA – Romeu meu, meu herói!
Trazendo o baú nos ombros, retorna o Piratão, dirigindo-se à frente do palco. Coloca o baú no chão e...
PIRATÃO – ( à platéia) : Estou arrependido do que fiz. Roubei este tesouro e maltratei o Piratinha e o
Piratolo. Portanto, tomei uma decisão: vou devolver o tesouro e tirar férias junto com o Piratinha e com o
Piratolo. ( grita para dentro do palco): Fantasma! (tremendo, o Fantasma entra): Venha cá, Fantasma! Quero
pedir desculpas a você. ( o Fantasma se aproxima): Pra que essa tremedeira?
FANTASMA – É que eu tenho medo de gente...
PIRATÃO – Isso é ridículo.
FANTASMA – ( pensativo): É mesmo, né? Um fantasma Ter medo de gente... Pois não terei medo de mais
ninguém. Qual é o assunto?
PIRATÃO – Quero pedir desculpas a você pelo roubo do seu tesouro.
FANTASMA – Tá desculpado. Mas só pela intenção de roubar.
PIRATÃO – Como assim?
FANTASMA – Você não roubou nada. Só o baú.
PIRATÃO – ( olhando para o baú): O baú ... está vazio?
- 19 -
FANTASMA – Sempre esteve. Justamente com medo de ser roubado, eu escondia o tesouro num barco
salva-vidas do meu navio. O baú ficava lá, completamente vazio...
PIRATÃO – Puxa, se eu soubesse, teria aberto o baú antes de roubá-lo. E o pior é que não o abri nem depois
de roubá-lo...
FANTASMA – Pois é, nem você tem o tesouro, nem eu.
PIRATÃO – Você não tem o tesouro?
FANTASMA – Não. Quando você atacou o meu navio, nós fugimos exatamente naquele barco salva-vidas.
Com muita gente em cima dele, ele afundou e lá se foi o meu tesouro pro fundo do mar.
PIRATÃO – Pois fiquei triste. Não tenho nada para te devolver...
FANTASMA – Como não? Você me devolveu a confiança nos homens. Por isso, perdi o medo das pessoas.
PIRATÃO – E o que faço com este baú?
FANTASMA – Guarde-o . Talvez um dia você construa um tesouro e, assim, já terá onde guardá-lo... Depois,
para que um fantasma quer um baú?
PIRATÃO – É mesmo. E também já sei que barcos salva-vidas não servem para guardar tesouros...
Nesse instante, tristes, cabisbaixos, retornam os pardais. Todos carregando malas. Por outro lado. Ainda
alegres, entram os sabiás, Lucinha, Xereta, Mimosa, Piratinha e Piratolo. Enconram-se no centro do palco e...
MARIA SABIÁ – Não, Visconde. Vocês não vão embora. Vão ficar conosco.
VISCONDE – Nós perdemos a competição. Devemos ir...
ZÉ SABIÁ – Ir? Nós queremos que vocês nos ajudam a cuidar deste bosque.
LUCINHA – Este bosque é muito grande, Visconde. Tem lugar para todos que pretendem trabalhar e
progredir.
XERETA – É um imenso coração o bosque dos sabiás.
MIMOSA – É do tamanho do nosso querido Brasil.
VISCONDE – Vocês têm razão. Há mais de cem anos, um homem chamado D.Pedro I, libertando o Brasil de
Portugal, fez com que brasileiros e portugueses se unissem para sempre. Nós ficamos.
Alegria geral. Vivas. Abraços. Cantos e dança. No meio da confusão, Lucinha, Xereta e Mimosa deitam-se no
mesmo lugar onde estavam ao início da peça. E quando a música termina...
LUCINHA – ( espreguiçando-se ): Puxa, deve ser tarde à bessa... Ei, acordem! Vamos pra casa.
XERETA – ( acordando): Fique um pouco mais... quero ver o casamento...
LUCINHA – Que casamento?
MIMOSA – (acordando): Do Mané com a Julieta....
LUCINHA – Ué, vocês sonharam com os sabiás e os pardais?
XERETA – Foi um sonho tão bacana...
MIMOSA – Ei, que engraçado... Tivemos o mesmo sonho!
LUCINHA – Será que foi um sonho? Esquisito...
XERETA – Eu nunca soube que três pessoas sonhassem o mesmo o sonho...
MIMOSA – Pra mim, foi coincidência. Só isso...
Nesse momento, entram o Piratão, o Piratinha e o Piratolo. Trazem mochila nas costas. Estão muito alegres.
LUCINHA – Não são os três piratas do sonho?
XERETA – Eles mesmos.
MIMOSA – Direitinho eles.
LUCINHA – Ei, vocês três! ( os três param): Vocês estão vindo do bosque dos sabiás?
PIRATÃO – Bosque dos sabiás?
PIRATINHA – Que lugar é esse?
PIRATOLO – É bom pra passarmos férias?
LUCINHA – Não conhecem um tal de Visconde de Pardalana ou Mané Sabiá?
XERETA – Também tem a Julieta, a Pardalote e os três macacos.
MIMOSA – Dona Coruja, Dona Raposa e Dona Arara... Do Conselho...
- 20 -
PIRATÃO – Não conhecemos nenhum desses... Estamos procurando um bom lugar para passarmos as férias.
Vocês conhecem?
LUCINHA – Pois eu sugiro o bosque dos sabiás. É lindo... Tem praias maravilhosas, lindas montanhas com
cachoeiras e rios...
XERETA – Grandes cidades e oportunidades para todos.
MIMOSA – E o melhor povo, com as crianças mais lindas do mundo!
LUCINHA – É o melhor lugar não só para as férias, mas para passarmos a vida inteira.
PIRATÃO – Pois é para lá que nós vamos. Vocês nos ensinam o caminho?
LUCINHA – Não existe caminho.
PIRATINHA – Não? E como chegaremos lá?
MIMOSA – Vocês estão lá. É aqui o bosque dos sabiás.
PIRATOLO – E o que precisamos fazer para ficarmos por aqui?
LUCINHA – Basta amar o chão do bosque e transformar os sonhos em realidade.
Aí, numa explosão de imensa alegria, todos retornam ao palco e cantam e dançam com entusiasmo.
-FIM-
“NO BOSQUE DOS SABIÁS” – APÊNDICE DO TEXTO
LETRAS DAS MÚSICAS INDICADAS NO TEXTO
..... CENA 2 ( PÁGINA 2 ) ......
Sou o sabiá
Da laranjeira
Do carvalho
Da mangueira...
Em qualquer uma
Vou cantar.
Vou por voar
Daqui pra lá
De lá pra cá
E o mundo sonha
Quando a gente...
Sobe, sobe, sobe
Sobe sabiá,
Sobe quantas vezes
Vai assoviar...
..... CENA 4 ( PÁGINA 6) ......
Tenho medo de caveira, de fantasma,
De vampiro e de assombração...
Eu não!
Tenho medo de Saci, de lobisomen
E da cuca e de escuridão...
- 21 -
Eu não!
Mula – sem – cabeça, curupira, fogo – fátuo,
Cemitério e da solidão.
Tenho medo de barata , de barata...
De caveira, de saci, de fantasma, de lobisomen,
De vampiro, escuridão...
Nós não!
Assombração, fogo – fátuo,
Mula – sem – cabeça, cemitério,
Curupira e de solidão...
Nós não!
.....CENA 4 ( PÁGINA) ......
Dentro deste bosque moram todos nós.
De um lado os Pardais e aqui os sabiás.
Mas os Pardais querem mandar,
Querem nos engaiolar.
Nós sabiás não somos banais
E não iremos deixar.
Vem passarada,
Vamos meninada
Nos libertar...
..... CENA 6 ( PÁGINA 11) ......
Julieta, Julieta,
Não precisa fazer
Mais careta...
Já me lembrei, eu sou Romeu, o teu...
Romeu, Romeu,
Assim você me deixa louca
E rouca
De tanto te chamar... Ó meu!
Romeu, Julieta,
Julieta, Romeu...
Nós somos melhor
Que goiabada com queijo, beijo...
Romeu, Julieta...
..... CENA 12 ( PÁGINA 22) ......
Nós os Pardais vamos ganhar,
Porque nós somos os tais...
Essa briga tá no bico, chega de mexirico...
Vão embora sabiás, sempre fomos maiorais.
Somos mais inteligentes, mais fomos astutos e capaz...
Tenho pena dos Pardais,
- 22 -
Sonhar nunca foi demais.
Só que agora quero ver o que vai acontecer.
Guerra é guerra meu amigo, voar alto é um perigo.
Quem tá chuva é pra se molhar,
Vocês vão se enferrujar...
Nós vamos ganhar...
..... CENA 12 (PÁGINA 27) ......
Sombra e água fresca
Aqui no bosque tem de monte
E muita paz.
Tem sabiás e tem pardais
E muito mais,
A vida que a gente quer...
Sol e primavera,
A minha terra tem palmeiras
Onde cantam todos nós...
Quem dá o tom é a Natureza
E nós vamos atrás...
- 23 -

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